quinta-feira, 8 de março de 2007

AO EMPRESÁRIO LEITOR DESTA COLETÂNEA DE INFORMAÇÕES ATUALIZADAS ACERCA DE COMBUSTÍVEIS RENOVÁVEIS, ESPECIALMENTE ETANOL

DE PRODUTO DO TUPINIQUIM A VEDETE DO MUNDO
USINA DE ÁLCOOL NO BRASIL: RENTABILIDADE

Junte a alta nos preços do petróleo no mercado internacional, a adoção de políticas públicas por países desenvolvidos para incentivar o uso de combustíveis alternativos e menos poluentes e uma vocação natural para plantar cana-de-açúcar e construir usinas: está explicado o sucesso do álcool brasileiro.
Ao lado dos Estados Unidos, o Brasil ocupa a posição de líder no setor sucroalcooleiro mundial e vem atraindo uma onda de investidores estrangeiros para o país. O etanol, quem diria, deixou de ser um produto tupiniquim para virar a vedete dos combustíveis em todo o mundo.
Veja aqui a trajetória da produção brasileira de álcool, que começou a ser misturado na gasolina em 1931.
A Petrobras quer vender álcool para o Japão em 2009. Leia aqui.
Por que tanto interesse no álcool brasileiro? No ano passado, o mercado brasileiro de etanol movimentou US$ 6 bilhões. Em 2010, deve chegar a US$ 15 bilhões (leia aqui). Além disso, a usina brasileira é a única do mundo que tira do mesmo pé de cana álcool, açúcar e eletricidade (leia aqui).
Saiba quem são os maiores compradores de álcool do Brasil aqui.
CONHEÇA OS MAIORES COMPRADORES DE ÁLCOOL DO BRASIL
Até o site norte-americano Google veio dar uma olhada. Em janeiro, seus donos estiveram no Brasil para visitar usinas do grupo Cosan. "Temos muito interesse no uso de energia limpa e quisemos ver as iniciativas da empresa neste sentido", disse na ocasião o empresário Larry Page, referindo-se à área do Google voltada para assuntos ambientais.
Em 2006, o mercado estima que o setor de etanol deve ter recebido investimentos de US$ 9,6 bilhões, entre construções de novas usinas, aquisições e expansões. Neste ano, quatro compras de usinas por estrangeiros foram fechadas. O investidor húngaro George Soros (por meio da empresa Adeco) fechou em fevereiro a compra da usina Monte Alegre, em Minas Gerais. Em junho, a norte-americana Cargill, a maior produtora de alimentos do mundo, comprou uma usina de álcool no interior de São Paulo.
A Infinity Bio-Energy, multinacional com ações negociadas na bolsa de Londres, que já operava usinas de álcool e açúcar, no valor de US$ 200 milhões, anunciou em outubro a aplicação de US$ 500 milhões em mais cinco usinas (três novas e duas aquisições), até o fim de 2007.Outro negócio fechado foi o do grupo inglês Evergreen, que adquiriu o controle acionário da Cristal Destilaria Autônoma de Álcool (Cridasa, localizada em Pedro Canário, no Norte do Estado). O grupo é o acionista majoritário da Alcana, indústria de álcool, que opera em Nanuque, no Noroeste de Minas Gerais.
(Em tempo: o mega-empresário Bill Gates também aderiu ao negócio do álcool, mas lá nos Estados Unidos. Em abril, a Cascade, empresa privada do dono da Microsoft, comprou 25,5% de participação em uma empresa que produz e distribui etanol (álcool combustível) de milho em estados do Oeste americano, a Pacific Ethanol.)
A entrada estrangeira no mercado brasileiro de álcool teve início em 2000, quando o grupo norte-americano Louis Dreyfus adquiriu três usinas no Brasil. Juntas, elas produzem oito milhões de toneladas por ano. No ano seguinte, a casa de comércio francesa Tereos (ex-Béghin-Say) entrou como sócia de 6% das ações da Cosan. Além disso, possui três usinas.
De acordo com dados da Unica, a associação dos produtores do setor, as companhias estrangeiras detêm hoje cerca de 5% da produção de cana do país, ou seja, quase 20 milhões de toneladas – percentual pequeno quando comparado a um total estimado em 420 milhões produzidos no Brasil. Ou seja, ainda há espaço para muitas aquisições.
Para o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho, nos próximos anos o processo de aquisições de usinas vai continuar, como parte do processo de concentração e consolidação do mercado. Embora acredite em futuras entradas de dinheiro estrangeiro no mercado de álcool do Brasil, Carvalho não prevê grandes mudanças na relação entre o que é produzido por capital nacional e o que é feito com recursos estrangeiros, no curto prazo.
Negócio familiar
Segundo o sócio-diretor da consultoria Brasilpar, especializada em fusões e aquisições no setor, Luiz Eduardo Costa, é grande a movimentação de companhias estrangeiras para comprar ou construir usinas no Brasil - embora poucos negócios tenham sido fechados.
Costa afirma que dois grandes grupos indianos de faturamento acima de US$ 1 bilhão anuais anunciaram interesse em adquirir usinas e circulam pelo mercado brasileiro há mais de um ano.
Outro forte interessado é o grupo alemão NordZucker SudZucker, que já atua no setor de açúcar e quer expandir a variedade da produção. Ainda no setor de açúcar, o australiano CSR - forte produtor no mercado australiano de açúcar refinado - está estudando oportunidades.
''É fato de que hoje temos todo o mercado asiático, europeu e sul-americano olhando pra esse setor, pensando em entrar nele ou aumentar investimentos. Eles estão analisando, participando, fazendo ofertas”, diz o analista e sócio da consultoria KPMG, André Castello Branco.
Segundo ele, o alvo dos potenciais compradores estrangeiros são usinas que produzam mais de um milhão de toneladas de cana por ano. ''Antigamente a procura era maior por usinas no Centro-Sul. Agora a demanda está tão grande que pode ser no Centro-Oeste, no Norte, até no Nordeste''.
Se há tanto interesse, por que não compram? ''Existe mais interesse do que capacidade de realizar'', diz Costa, da Brasilpar. Segundo ele, o principal fator que atrasa a concretização dos negócios é a complicada estrutura acionária das empresas brasileiras - que na maioria são familiares.
O analista da KPMG concorda. ''Isso dificulta as operações de aquisições. Geralmente antes de vender, é preciso resolver questões de divisão societária entre os membros da família e as negociações ficam mais longas''.Autor: Ligia Guimarães
INVESTIDORES ESTRANGEIROS INVADEM O BRASIL EM BUSCA DE ÁLCOOL
O etanol deixou de ser um produto tupiniquim para virar a vedete dos combustíveis em todo o mundo
TECNOLOGIA DE USINA BRASILEIRA CHEGA ATÉ À JAMAICA
Empresa de Piracicaba exporta e instala equipamentos e ensina produtores estrangeiros como fabricar álcool

A brasileira Dedini, com sede em Piracicaba, interior de São Paulo, se especializou em exportar tecnologia de usinas de álcool. A empresa vende equipamentos e dá consultoria que atendem desde o recebimento da cana-de-açúcar até a produção de energia. No ano passado, a companhia teve faturamento de R$ 700 milhões. Com mais de 700 destilarias instaladas no país e 17 no exterior, hoje a Dedini responde por 80% da produção nacional de álcool, e mais de 30% da produção mundial.
Atender o mercado externo já rendeu muitos carimbos no passaporte dos funcionários da Dedini. Os engenheiros José Pisani Lopes e José Ricardo Medeiros, que acompanham de perto desde as primeiras negociações até a instalação das máquinas, já passaram temporadas a trabalho nos Estados Unidos, Barbado, Ilhas Virgens, Nicarágua, Colômbia, Índia e Jamaica.
A venda de um equipamento para outro país demanda uma série de viagens – duas, em média, são apenas para as negociações antes da venda. Nessa etapa, a equipe faz um levantamento do local: analisa dados de campo, vê o que o cliente tem disponível, como terrenos para o plantio da cana, fonte de energia elétrica, água etc. ''Cada projeto é desenvolvido com base nas necessidades do cliente'', diz Medeiros.
Em países como a Jamaica, além do aparato técnico, é necessário transmitir o conhecimento brasileiro sobre o negócio aos compradores. ''Aqui no Brasil os usineiros são familiarizados com o processo de produção. Lá, nós temos que dar inclusive esse tipo de treinamento, já que eles desconhecem o mercado”.
Depois de vender uma desidratadora - máquina que transforma o tipo de álcool vendido em bombas nos postos de combustíveis em álcool para ser misturado à gasolina - para uma empresa jamaicana, os engenheiros chegaram a passar três meses no país treinando mão-de-obra para operar o equipamento. “Foram aproximadamente 20 pessoas, desde os gerentes até o pessoal da manutenção e de laboratório'', diz Pizani.
''No começo é um aprendizado para nós mesmos'', diz Medeiros. ''Eles têm um jeito de falar que sempre parece que eles estão gritando, bravos. Levou um tempo pra acostumar'', diz. ''Mas é um povo maravilhoso, muito hospitaleiro''. Na Jamaica, além do inglês, se fala o patuá.
''Como profissional, a forma de pensar a tecnologia para outros países é diferente. Na Jamaica, quem montou nossos equipamentos foi uma montadora americana, que tem padrões diferentes de trabalho dos nossos e tivemos que aprender e nos adaptar. Isso é enriquecedor'', lembra Medeiros. ''Aqui no Brasil nós temos o costume de virar 24 horas trabalhando. Lá, eles respeitavam o sábado e o domingo. É diferente'', afirma.

VALORIZAÇÃO DO ÁLCOOL AFETA MERCADO DE AÇÕES
Papéis da Cosan, primeira empresa do setor a abrir capital na Bovespa, subiram 130% em quase um ano

O bom desempenho do mercado de álcool brasileiro pode ser medido também pela bolsa de valores. Quem comprou ações na oferta pública da Cosan, por exemplo – primeira empresa do setor a abrir capital, em novembro do ano passado – já viu seus papéis valorizarem mais de 130% em quase um ano. No mesmo período, o Ibovespa, índice das principais empresas listadas na Bovespa, valorizou 27%.
Em maio, os papéis da companhia chegaram a ser vendidos por R$ 63,00 – quase 300% a mais do que os R$ 16,00 fixados no dia em que foram vendidos pela primeira vez.
Segundo o analista da corretora SLW, Carlos Nunes, a valorização do setor na Bolsa é reflexo do aumento da produção e da rentabilidade dos produtores de açúcar, que dispararam. Para ele, as perspectivas para o investimento no longo prazo são promissoras. “O mercado de álcool é grande, mas ainda é embrionário perto do potencial que tem”, diz.
Entre os pontos favoráveis da empresa, ele destaca as intenções da Cosan de investir no setor de biomassa – que gera energia a partir do bagaço da cana que sobra na produção do açúcar e do álcool.
“Se a Cosan aproveitasse todo o potencial que tem de bagaço de cana, poderia produzir entre de 700 a 800 MWZ por ano – o que equivale a 10% de uma Itaipu”, compara.
Segundo ele, investir no setor de álcool pode ser muito vantajoso no longo prazo, já que os preços tendem a oscilar. “Pode matar alguém do coração no curto prazo – ou de alegria ou de tristeza”, diz.
DA CANA BRASILEIRA SAI ATÉ ELETRICIDADE
Enquanto em outros países tudo o que se extrai da cana é açúcar, as usinas nacionais tiram açúcar, álcool e eletricidade da mesma planta

Nenhum país do mundo entende tanto de produzir álcool quanto o Brasil. Além das muitas condições naturais que colaboram para o sucesso do setor – clima e solo favoráveis, matéria-prima barata e terra disponível para o plantio – o país avançou muito em termos de tecnologia sucroalcoleira.
Enquanto em outros países tudo o que se extrai da cana é açúcar, as usinas nacionais tiram açúcar, álcool e eletricidade da mesma planta. Não à toa, o custo do álcool brasileiro é metade do etanol à base de milho produzido nos EUA.
Na maioria dos países produtores de açúcar, a extração do caldo da cana precisa ser feita até a última gota, para que se consiga produzir a máxima quantidade possível. Tanto esforço encarece o processo, explica Olivério. Nesse caso, o melaço – resíduo concentrado que sobra depois de tirado o açúcar do caldo – só pode ser vendido separadamente, a um preço mais baixo que o do açúcar.
Na versão tupiniquim, a extração do caldo não precisa ir até o limite máximo: a moenda tira do caldo apenas o açúcar mais fácil. Aqui, o melaço, mais rico que o que sobra nos outros modelos, é reaproveitado para produzir álcool – produto muito mais rentável para o produtor. Além disso, com a tecnologia brasileira, o bagaço – parte que sobra da cana depois de passar pela extração – é reutilizado para gerar energia elétrica para abastecer a própria usina.
O que sobra pode ser vendido em leilões para a rede elétrica, o que acrescenta mais uma fonte de ganho para o produtor. “Tem usinas que já oferecem eletricidade para a rede há mais de 20 anos. Mas o negócio ficou mais interessante há uns dois anos, depois que a Aneel regulamentou a venda”, diz José Olivério, vice-presidente da Dedini, fabricante de equipamentos e desenvolvedora de tecnologia para usinas.
O modelo tecnológico reflete o conhecimento acumulado tanto na parte agrícola quanto industrial ao longo dos anos. “No Brasil temos a visão agrícola de trabalhar em largas escalas. O equipamento de alta tecnologia é caro, mas se você aplicar em grande quantidade, fica mais barato por tonelada de cana”, diz Olivério.

POTENCIAL ATUAL

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, seguido por Índia, Tailândia e Austrália (UNICA, 2006), e é responsável pro 45% da produção mundial de etanol combustível.

A cultura da cana permitiu uma produção nacional de etanol de 14,5 bilhões de litros em 2005, mais de 2 bilhões dos quais destinados a exportação.

A área dedicada a esse cultivo abrange 6,2 milhões de hectares, 1,7% da área agriculturável e 18,3% da área utilizada para culturas anuais, como se pode observar na tabela 1 (IBGE, 2005).

Tabela 1. Áreas ocupadas pela agricultura no Brasil (hectare)
Área total do Brasil 851.404.680
Não agriculturável (estradas, cidades, Amazônia legal etc) 497.793.441
Área agriculturável 353.611.239
Área com agricultura perene 7.541.626
Área com agricultura anual (a) 34.252.829
Área ocupada com cana-de-açúcar (2004) (b) 6.252.023
% Área com cana-de-açúcar (b/a) 18,30%
Área em repouso (c) 8.310.029
Área de pastos naturais (d) 78.048.463
Área de pastos artificiais 99.652.009
Área com florestas naturais 88.897.582
Área ocupada com plantações florestais 5.396.016
Área não utilizada (e) 16.360.085
Área inapta para agricultura 15.152.600
Área possível de expansão com cana-de-açúcar [(c+d+e)/2] 51.359.289
Fonte: Censo Agropecuário IBGE 2006

Em direção à sustentabilidade da produção de etanol de cana de açúcar no Brasil.

As regiões com a maior extensão de plantios estão localizadas nas zonas subtropicais do Sudeste e nas áreas atlântico-tropicais do Nordeste do Brasil. Os tradicionais grupos produtores do Nordeste têm redirecionado seus investimentos para o Sudeste e Centro-oeste. Atualmente a região Sudeste é responsável por 80% da produção de etanol destinada à exportação. A região sudeste, especificamente o estado de São Paulo, é responsável por um constante acréscimo da produção e responde atualmente por 88% do volume de cana-de-açúcar, 89% do de álcool e 90% do de açúcar produzido no Brasil (IEL, 2006).

Dentre os principais estados produtores destacam-se ainda o Paraná e Alagoas. Ambos porém têm uma participação menor se comparada à produção do sudeste situando-se, cada um, na casa dos 8,5% da produção nacional.

Na safra 2004/05 foram processadas 416,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, sendo 55% para etanol hidratado e anidro e 45% para açúcar (UNICA, 2006).

Com essa estrutura dual a agroindústria canavieira é capaz de reagir rapidamente às oscilações nos mercados internacionais, o que representa uma vantagem competitiva em relação aos países que produzem apenas açúcar.

A produção de açúcar e etanol está em expansão e a estimativa para a safra
2006/2007 prevê o processamento de 469,8 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 8,9% em relação à anterior. Isso ocorre em virtude do aumento de 5,4% da área plantada e de um ganho de 3,4% em produtividade neste período (CONAB, 2006).
A distribuição desse montante apresenta a seguinte configuração: 50,5% são destinados à fabricação de açúcar, 39,6% ao etanol e os 9,6% restantes para outras finalidades - cachaça, sementes, ração animal, açúcar mascavo e outras (CONAB, 2006).

Potencial futuro

As expectativas do Governo Brasileiro, expressas na Política Nacional de Agroenergia (2005), lançam projeções de crescimento do consumo interno de 1,5 bilhões de litro ao ano, o que representa uma demanda estimada de 25 bilhões de litros para 2013, e uma oferta total de etanol próxima a 30 bilhões de litros para 2015, agregando-se aí o volume previsto para exportação.

A consolidação das expectativas de consumo e exportação de etanol e açúcar deve representar, uma demanda adicional por 220 milhões de toneladas de cana e a incorporação de 3 milhões de hectares de novas áreas.

A região Centro-Oeste tem despontado nas últimas safras como nova área de expansão do cultivo, sobretudo, o estado de Goiás que teve um aumento de 81% da área plantada entre as safras de 1999/2000 e 2003/2004 e já responde por 6,6 % da produção canavieira no Brasil (IEL,2006). O leste do estado de Mato Grosso do Sul e o sudeste do estado de Minas Gerais, também no Cerrado, acompanham esta tendência de expansão das novas áreas

EMPRESAS BRASILEIRAS CITADAS NO RELATÓRIO DO CITIGROUP SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
A Cosan e a Brasil Ecodiesel foram as únicas empresas brasileiras citadas em relatório do Citigroup sobre as mudanças climáticas globais.
O banco nota que embora os impactos do aquecimento da Terra possam levar muito tempo para se concretizar, eles já criam oportunidades relacionadas ao impacto físico, regulatório e comportamental relacionado ao clima.Ao todo o relatório cita 74 empresas – de 21 setores e 18 países – que podem se beneficiar.
Ao lado das brasileiras aparecem gigantes do agronegócio que atuam no setor de biocombustíveis como ADM, Bunge e Cargill. O Citigroup alerta, porém, que este relatório não leva em conta outros aspectos de cada empresa que podem prejudicar o desempenho das ações.
A Brasil Ecodiesel é a maior empresa do mundo de biodiesel em valor de mercado. A Cosan é a maior empresa produtora de etanol do mundo com custo de produção baseado em cana-de-açucar.
PROBLEMÁTICAS E DESAFIOS DA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA BRASILEIRA NO SÉCULO 21
José Maria Gusman Ferraz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente: sobre o processo de criação e desenvolvimento de certificação socioambiental para o setor.
Algumas modalidades de certificação têm sido utilizadas para diferenciar produtos e produtores agrícolas. A conscientização de consumidores de países ricos quanto às questões ambientais e sociais associadas a processos produtivos tem influenciado o aparecimento de novos programas de certificação agrícola, explica o pesquisador.
O chamado comércio solidário ajuda a inserir produtos originários de países pobres da América Latina, África e Ásia, de forma justa, equilibrada e estável entre pequenos produtores e importadores. Conforme Ferraz, surgiu da preocupação de movimentos ambientalistas e sociais de consumidores da Europa e EUA, com os impactos ambientais e sociais associados a produção de produtos importados de países tropicais.
Ferraz explica que os processos de certificação devem refletir os interesses dos setores sociais, ambientais e econômicos. O principal benefício da certificação é que os consumidores podem ter confiança na origem e padrões do produto adquirido. Além disso, os grupos ambientalistas e movimentos sociais têm a oportunidade de negociar avanços no estabelecimento dos princípios e critérios adotados e acompanhar os processos de certificação. O Estado pode utilizar esses mecanismos para formulação de políticas públicas, estabelecer critérios de financiamento ou linhas de crédito. E para os produtores, acredita ele, gera oportunidades diretas e indiretas, de acesso a novos mercados, neutralização de críticas de dumping ambiental e social e de obtenção de um sobre-preço. E também, na área de políticas públicas, há uma menor pressão de fiscalização, tributação diferenciada e facilidades na obtenção de financiamento.
Desafios, interesses e projeções brasileiras, como mecanização, expansão e álcool, impactos sociais e ambientais, acidentes de trabalho e equipamentos de proteção individual no corte de cana, migrações, evolução da identidade dos bóias-frias, o trabalho infantil, saúde e meio ambiente relacionados à queima da cana.
Questão da água, poluição e seu uso abusivo. O Instituto Ethos irá apresentar os indicadores de responsabilidade e programa de aplicação desses indicadores em parceria com a união da Agroindústria Canavieira de São Paulo - Unica.
Livro sobre certificação
Em 2000, a Embrapa Meio Ambiente editou, em parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), o livro “Certificação socioambiental do setor sucroalcooleiro”. Para elaboração do processo de certificação discutido na publicação, houve reuniões preparatórias com instituições e pessoas envolvidas com o setor, com o objetivo de apresentar o tema de certificação e colher informações sobre o projeto.
Foram realizados workshops com cerca de 80 instituições, procurando equilibrar aspectos econômicos, ambientais e sociais. Nas reuniões com grupos de trabalho, cada grupo discutia uma parte desses padrões e depois apresentava para uma plenária que sugeria ou não alterações. Na consulta pública, após cada workshop, os padrões e as propostas de consenso eram enviados para mais de 200 instituições, e a partir destas respostas, os critérios eram adequados.
Para verificar a funcionalidade dos padrões, foram aplicados testes de campo. Por último, realizou-se uma assembléia, onde os padrões foram submetidos à discussão, com a presença dos grupos de interesse. A assembléia também determinou a certificação agrícola. Desta forma foi estruturado um processo de certificação do setor sucroalcooleiro, esclarece Ferraz.Esse livro será revisado frente à essa nova realidade, para lançamento ainda em 2006. Ferraz informa que há uma tendência de fechamento de pequenas usinas, pois o ritmo de fusões e aquisições se acelerou de 2000 a 2004, quando 20 usinas foram negociadas no Brasil, a maioria em São Paulo. Recentemente, houve um crescimento na participação de empresas estrangeiras no setor e um aumento na concentração do poder econômico de alguns grupos.
O Novo Proálcool
Atualmente, existe uma proposta de reestruturação do Proálcool, com várias medidas governamentais de fomento já sendo implementadas, como abertura de novas linhas de crédito oficial, aumento do percentual de adição do álcool à gasolina, entre outras. O setor movimenta 20 bilhões de reais por ano e recebe diversas formas de incentivo. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES é o principal agente financeiro do novo Proálcool, com a previsão de investir 7 bilhões de reais entre 2004 e 2006, através do Programa Nacional de Biocombustíveis. No Congresso, o projeto tem apoio da Frente Parlamentar Sucroalcooleira. As empresas do setor recebem ajuda também do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Banco Japonês de Cooperação Internacional.
PETROLÍFERAS INVESTEM EM ENERGIAS RENOVÁVEIS Fonte: dnoticias.pt
CHINESES ASSINAM ACORDO DE DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
Os gigantes do sector petrolífero chinês querem aumentar os investimentos em energias renováveis e biocombustíveis, devido aos altos preços do petróleo e à grande dependência dos combustíveis fósseis, refere hoje o jornal económico oficial chinês Economic Observer.
No início de Novembro, refere o jornal, a Companhia Nacional de Petróleo da China (CNPC), o maior produtor de petróleo do país, assinou um acordo de desenvolvimento do sector dos biocombustíveis com o governo da província de Sichuan, no sudoeste do país.
O acordo prevê a produção anual de 600 mil toneladas de etanol para combustível automóvel, extraídas de batata doce, e de outras 100 mil toneladas a partir de sementes de pinhão.
O Brasil manifestou já a vontade de aumentar a exportação de etanol para a China para manter a vantagem que tem nas trocas comerciais com o gigante asiático e que se apoia até agora nas exportações de soja e de minério de ferro.A China é actualmente é a terceira maior produtora de etanol combustível do mundo, depois do Brasil e dos Estados Unidos, com 10,2 milhões de toneladas por ano, um volume que deverá aumentar com a ajuda de subsídios governamentais à produção.
Os altos preços do petróleo têm incentivado as maiores empresas mundiais de produção energética, incluindo a britânica BP, a ExxonMobil, dos Estados Unidos, e a anglo-holandesa Shell, a dar mais atenção ao desenvolvimento energias alternativas, um movimento que se reflecte também na indústria petrolífera chinesa, altamente regulamentada e com barreiras à participação de empresas estrangeiras no mercado interno.
A Companhia Nacional de Petroquímica da China (Sinopec), a maior petrolífera asiática em capacidade de refinaria, iniciou também a participação de tratamento químico de carvão em Erdos, na Região Autónoma chinesa da Mongólia Interior, através de uma subsidiária, a Companhia de Petróleo e Química da China (CPQC). O projecto, com um investimento de 2,66 bilhões de dólares, vai produzir 4,2 milhões de toneladas de metanol e três milhões de toneladas de dimetil éter (DME) por ano, quando entrar em produção.
Por outro lado, a Companhia Nacional de Petróleo Marítimo da China (CNOOC), a maior companhia de petróleo off-shore do país, quer entrar no negócio da produção de energia eólica, segundo o jornal económico oficial Shanghai Securities News.
O jornal informa que a CNOOC quer comprar um campo de produção de energia eólica na Mar do Leste da China, perto de Xangai, a capital económica e financeira da China, um investimento de 275 milhões de dólares para uma capacidade projectada de 100 mil quilowatts.
Existem na China 62 explorações de energia eólica, com uma capacidade total de 1.266 megawatts, segundo dados relativos ao final de 2005, sendo que, de acordo com estimativas da indústria, a capacidade poderá atingir os 2.000 megawatts até ao final de 2006
EUA LUTARÃO PARA MANTER BARREIRAS AO PREÇO DO ETANOL

FONTE:TRIBUNA DA IMPRENSA
IOWA (EUA) - Os produtores agrícolas e usineiros americanos rejeitam qualquer proposta de redução das tarifas de importação sobre o etanol brasileiro. Nas regiões produtoras de milho nos Estados Unidos visitadas pela reportagem, fazendeiros e donos de usina de etanol são unânimes: não é hora de o governo americano reduzir as barreiras. Já os consumidores do combustível querem maior concorrência internacional para forçar uma queda no preço do produto no mercado americano.
Hoje, os Estados Unidos taxam em 2,5% o etanol brasileiro, além de um imposto de R$ 0,30 por litro do combustível. Durante a visita do presidente George W. Bush ao Brasil, na próxima semana, o governo brasileiro deverá tocar no tema e pedir uma redução das barreiras. Grupos de fazendeiros prometem pressionar Washington a rejeitar tal proposta por alguns anos. Planejam reuniões e enviar cartas a senadores e integrantes da Casa Branca para evitar um acordo nesse sentido.
"Esse não é o momento de reduzir as tarifas. Precisamos tempo para desenvolver nossa indústria do etanol como vocês fizeram por 30 anos", justifica Michael Ott, diretor-executivo da Biowa, empresa especializada na promoção do etanol no estado de Iowa. O produtor de milho Edward Locke concorda. Para ele, o setor ainda não está consolidado nos Estados Unidos para que uma concorrência estrangeira seja estabelecida.
"Ainda é cedo para competir com o Brasil", afirmou o fazendeiro, que reconhece que a condição financeira do setor agrícola de vários estados sofreu uma revolução com a chegada do biocombustível. Enquanto observam um aumento de seus lucros diante do incremento do preço do milho, os fazendeiros no centro-oeste americano não escondem que temem a competitividade do Brasil no setor e não sabem se poderão fazer frente a uma ofensiva brasileira no mercado americano.
Além disso, analistas do American Farm Bureau confirmam que muitos usineiros olham o Brasil como um competidor no que se refere à atração de investimentos externos no etanol. "Empresas de todo o mundo estão estudando onde podem ganhar e, quando falam em etanol, o dilema é sempre se investem no Brasil, onde a competitividade é grande, ou nos Estados Unidos, onde os subsídios e projetos do governo são sólidos", afirmou um analista.
Em Iowa, a percepção é de que Brasil e Estados Unidos vão concorrer no futuro para ser a principal fonte de abastecimento de regiões como a Europa. Mas os usuários do etanol nos Estados Unidos acreditam que, assim como qualquer outro setor, a concorrência no mercado doméstico deve existir. Um dos argumentos é de que o mercado nos Estados Unidos tem proporções que permitiriam que tanto o Brasil como os produtores americanos tirassem proveito. Hoje, os americanos consomem 140 bilhões de galões de gasolina, contra apenas 5,6 bilhões de etanol.
Isenção de impostos é fundamental
Para empresas, o novo combustível ainda não está custando menos. "Sem isenção de impostos, ainda não é economicamente interessante comprar etanol", disse um fornecedor de veículos de serviço para a cidade de Iowa, como tratores, ônibus e ambulâncias. "O etanol só é competitivo porque vários governos locais decidiram isentar o setor de taxas.
Só assim o etanol pode concorrer com a gasolina nos Estados Unidos", confirmou Tom Hansen, que trabalha na prefeitura de Iowa City. Para especialistas da Câmara de Comércio da Califórnia, a isenção de impostos não passa de um subsídio dado pelo governo para as usinas e produtores de milho. Mas as prefeituras preferem por enquanto bancar esses subsídios, como forma de ajudar a economia rural do estado e ajudar a incrementar a renda de produtores de milho e de usineiros.


MAIOR PRODUTORA DE ÁLCOOL DO BRASIL DEVE LANÇAR AÇÕES NOS EUA
Cosan está se adaptando às regras do mercado norte-americano. Expectativa é que papéis sejam negociados ainda em 2007.

Usina de álcool: ações valorizadas
A Cosan, maior empresa de açúcar e álcool do país, já está desenvolvendo ações concretas para abrir o capital nos Estados Unidos. Há um mês começaram os ajustes necessários para atender as regras da lei americana Sarbanes-Oxley, criada para dar maior transparência às companhias abertas.
A expectativa é de que os papéis da segunda maior produtora de açúcar do mundo comecem a ser negociados no mercado americano ainda em 2007. A Cosan foi a primeira empresa sucroalcooleira a abrir o capital no Brasil e a ter ações negociadas na Bovespa - desde novembro de 2005, quando isso aconteceu, as ações registraram valorização de 140%.
O lançamento de American Depositary Receipts (ADRs) nos EUA já estava nos planos do grupo desde que a Cosan decidiu abrir seu capital na Bovespa.
Outro passo para a consolidação do grupo no exterior foi dado na semana passada. A empresa chinesa Kuok, que tinha participação de 4,1% no grupo, aumentou sua fatia para 6,6%. De acordo com Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo, a maior participação acionária da Kuok dá maior mobilidade para a companhia sucroalcooleira fechar parcerias em açúcar e álcool na Ásia - considerado mercado em franca expansão.
Em seu plano estratégico para os próximos cinco anos, o Grupo Cosan vislumbra fechar parcerias com empresas estrangeiras para atuar no mercado internacional com mais agressividade. Entre os planos estão a realização de contratos de longo prazo, para venda de açúcar, com refinarias instaladas em regiões importadoras como a Rússia e países do Oriente Médio, afirma Paulo Diniz, vice-presidente financeiro e de relações com o o mercado do grupo.
No Caribe, a companhia poderá fazer parcerias para exportar álcool para indústrias locais. O produto seria reindustrializado e enviado para os EUA com isenção de tarifas, uma vez que os países caribenhos são beneficiados pelo CBI (Caribbean Basin Initiative). O grupo também não descarta fechar parcerias no futuro com destilarias nos EUA para avançar no mercado americano.
Segundo Mizutani, o apetite da Cosan por aquisições continua e está concentrado no mercado brasileiro. O grupo está em negociação com cinco usinas, mas o martelo ainda não foi batido, uma vez que o mercado de usinas está "inflacionado".
Os recursos para bancar essas futuras aquisições do grupo deverão vir de novas captações. No mercado, há notícias de que o grupo estaria se preparando novamente para emitir bônus perpétuos (títulos sem vencimento final). Neste ano, o grupo captou cerca de US$ 450 milhões no mercado com esses títulos.
Para 2007, a Cosan planeja investir US$ 340 milhões, segundo Diniz. Boa parte desses recursos será aplicada em co-geração de energia, segmento em que a companhia tem feito suas apostas. Das 17 usinas do grupo, todas auto-suficientes em energia, apenas uma unidade negocia excedente no mercado livre. Outras três usinas do grupo foram qualificadas para comercialização de energia no país. Mizutani lembra, contudo, que os atuais preços da energia no mercado ainda não são remuneradores.
Ainda dentro do plano de expansão em co-geração, o grupo investe na ampliação da capacidade de moagem da usina Gasa, de Andradina (SP), para que empresa passe a co-gerar energia.
Maior processadora de cana do país, o grupo deve encerrar esta safra, a 2006/07, com 36,6 milhões de toneladas de matéria-prima moída, 28,8% maior que em 2005/06. A capacidade instalada das usinas do grupo é de 40 milhões de toneladas de cana. A produção de açúcar deverá ficar em 3,3 milhões de toneladas, aumento de 39,3%, e 1,2 bilhão de litros de álcool, alta de 29,5%.
Em seu balanço, o grupo divulgou que encerrou o segundo trimestre com receita líquida de R$ 1,008 bilhão, o dobro de de igual período um ano antes . Nos primeiros seis meses do seu ano fiscal (de maio a abril), o grupo registrou receita líquida de R$ 1,952 bilhão, alta de 81,9%. A Cosan reverteu o prejuízo de R$ 16,3 milhões do segundo trimestre da safra passada e lucrou R$ 123,8 milhões no atual. Nos semestre, o lucro líquido da Cosan ficou em R$ 129,1 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 22,5 milhões do mesmo período um ano antes. O endividamento do grupo, de R$ 1,649 bilhão, não é considerado comprometedor, segundo Diniz. Cerca de 60% da dívida está representada por títulos perpétuos e o restante no Pesa, com pagamento a longo prazo


ETHANOL: PETROBRAS E SÓCIOS PRETENDEM INVESTIR R$ 12,1 BILHÕES ATÉ 2010.
Ethanol Brasil, por Marcelo Acuña Coelho.

Ver a entrada da Petrobras no seleto grupo brasileiro de produtores de etanol como uma ameaça aos investimentos presentes e futuros no setor alcooleiro é, no mínimo, conspiratório.
Ter a Petrobras garantindo os estoques e, por conseguinte, os preços estáveis, é estratégico para o crescimento do país.
Veja os USA que detém as maiores reservas de gasolina do mundo,...tudo para garantir a capacidade de produção, a segurança e o bem estar de seus cidadãos em qualquer cenário, seja de paz ou seja de guerra.
Por que o Brasil, então, não pode fazer o mesmo?
Gazeta Mercantil, 24/01/2007.
A estréia da Petrobras na produção de álcool é, ao mesmo tempo, vista como positiva e preocupante por especialistas. A principal vantagem é que a estatal poderá garantir regularidade na oferta do combustível. Não há como descartar a possibilidade de que a futura produção da estatal seja usada como estoque regulador do mercado no período de entressafra, impedindo os tradicionais saltos de preços.
Em um mês, o preço médio do litro do álccol subiu 6,3%, pulando de R$ 1,506 para R$ 1,601.
A Petrobras negocia parcerias com usineiros para produzir etanol. A idéia é que a estatal e os novos sócios invistam R$ 12,1 bilhões na construção de usinas produtoras do combustível nos próximos quatro anos, de acordo com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Até agora, a Petrobras comercializava o produto e funcionava como ponte entre produtores e compradores internacionais de álcool. "Os investimentos nesse setor são bem-vindos, sobretudo porque a presença da Petrobras tende a, pelo menos, dar mais regularidade à oferta do combustível. Hoje, como se sabe, os usineiros alternam a produção entre açúcar e o álcool, dependendo das cotações das commodities no mercado mundial", disse a economista Goret Pereira Paulo, professora especialista em energia da Fundação Getúlio Vargas.Uma eventual intervenção da Petrobras, porém, pode ser um elemento de instabilidade do mercado e contingenciar os investimentos privados, afirmou Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE), ao admitir que a estatal poderia não acompanhar os movimentos do mercado internacional.


Ethanol Brasil, por Marcelo Acuña Coelho.
Poucos anos após o lançamento do Proálcool iniciou-se no Brasil os estudos para aplicar o etanol na aviação, como forma de também substituir o querosene (combustível fóssil).
Passados vinte e seis anos, o etanol encontrou sua aplicação mais nobre no setor: os primeiros testes em motores a jato.

Leia abaixo um pouco dessa estória:
O EMB-202 Ipanema é um monoposto e monoplano de asa baixa. Sua fuselagem é toda constituída com tubos metálicos de aço especial, que absorve impactos em caso de colisão. Os painéis externos são de fácil remoção para a limpeza. O EMB-202 Ipanema possui, ainda, ar-condicionado e indicação visual da quantidade de produtos no hopper. É impulsionado por um conjunto motopropulsor formado pelo motor Lycoming IO-540-K1J5D, de 300 HP a 2700 RPM e hélice tripa Hartzell de velocidade constante. O monomotor é indicado para uso na agricultura e possui tanque para produtos químicos como fertilizantes e adubo. O primeiro teste com a versão à álcool do avião foi realizada em outubro de 2002 em Botucatu (SP). A aeronave usa o mesmo álcool dos carros e pode reduzir em mais de dois terços o gasto com combustível.
Em Botucatu, na sede da Neiva, com apoio de técnicos da empresa americana, o motor Lycoming, de 300 hp, importado dos Estados Unidos, sofre pequenas alterações no sistema injetor e é transformado para receber álcool combustível, ou seja, etanol 96º. De acordo com Fabiano, o consumo tem um aumento entre 15% a 18%. Porém, isso não impede que o projeto seja econômico.
O projeto é um sonho antigo, nascido nos anos 80 nas dependências do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), no auge do programa Proálcool. Com o fim do programa, o projeto foi abandonado. "Agora, com o mercado do petróleo em alta e os constantes aumentos do preço da gasolina, nós resolvemos retomar esse projeto tão importante para o setor e para o país", afirma Fabiano Zacarelli Cunha, gerente comercial da Neiva. Nos Estados Unidos, entretanto, esta tecnologia não é nenhuma novidade. A diferença entre o avião movido a álcool norte-americano e o protótipo brasileiro é que o primeiro utiliza álcool anidro e o segundo álcool hidratado - o mesmo utilizado nos automóveis.
Este projeto original tinha como objetivo desenvolver tecnologia para conversão de motores aeronáuticos a pistão para o uso do etanol (álcool etílico hidratado), oferecendo alternativa à gasolina de aviação (custo e disponibilidade), no intuito de reduzir o custo operacional da hora de vôo. Ele foi iniciado em 1980 e paralisado em 1989. O projeto realizou o primeiro vôo em dezembro de 1985 de uma aeronave T-25 Universal da FAB, a fim de demonstrar à sociedade a viabilidade técnica da conversão. O Projeto foi interrompido por razões econômicas, sendo algumas delas a redução do preço do petróleo e freqüentes crises no abastecimento de álcool, ocorridas nos anos 88 e 89.
Inicialmente instalada no Aeroporto de Manguinhos, cidade do Rio de Janeiro, a Indústria Aeronáutica Neiva foi fundada em 12 de outubro de 1954. Inicialmente instalada no Aeroporto de Manguinhos, cidade do Rio de Janeiro, a Indústria Aeronáutica Neiva foi fundada em 12 de outubro de 1954. Em 1960, iniciou paralelamente suas atividades de projetos em São José dos Campos - SP, cidade onde está sediado o Centro Técnico Aeroespacial - CTA, com o objetivo de dar maior incremento ao setor de pesquisas e desenvolvimento de novos tipos de aeronaves. Em 11 de março de 1980, a EMBRAER assumiu o controle acionário da Neiva, transferindo para esta empresa a engenharia e toda linha de produção dos aviões leves EMBRAER e Ipanema, dando início à desativação das instalações em São José dos Campos - SP.
A expansão das fronteiras agrícolas e das culturas de exportação e energética, especialmente da soja e cana-de-açúcar, ampliou consideravelmente o mercado brasileiro de aviação agrícola. Essas culturas envolveram grandes áreas plantadas em fazendas que incorporaram avanços técnicos à produção de grãos e de cana de açúcar. A aviação agrícola teve origem no Brasil nos estudos realizados pela Fazenda Ipanema, do Ministério da Agricultura, localizada no município de Sorocaba, em São Paulo. Nela formaram-se pilotos e agrônomos especializados na atividade. Foi por essa razão que o Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA denominou Ipanema a aeronave nele projetada nos anos 60 que resultou no projeto e fabricação pela Embraer do primeiro avião agrícola nacional, o EMB-200 Ipanema.
O aparelho foi lançado no mercado em 1972 e era um monomotor metálico dotado de um motor Lycoming de 300 cavalos de força, com capacidade para 750 kg de carga paga em seus tanques. O segundo aparelho a sair da linha de produção da Embraer foi o avião agrícola EMB-200 Ipanema, sendo o primeiro entregue em janeiro de 1972. Sua fabricação seria transferida para Indústria Aeronáutica Neiva em março de 1980, após a companhia haver sido absorvida pela Embraer. Mais de 1.000 aeronaves Ipanema já foram entregues e a nova versão, o EMB-202 Ipanemão, continua sendo produzido Embora a maior parte tenha sido vendida no mercado interno, algumas foram exportadas para o Uruguai e a Bolívia. O primeiro contrato da Embraer com sócios estrangeiros foi em 1973, um acordo firmado entre a Embraer e a Northrop Aircraft Corp., dos Estados Unidos, para a produção de componentes para o programa de caça supersônico F-5E Tiger II. Em agosto de 1974, um outro acordo de cooperação foi assinado, desta vez com a Piper Aircraft.Segundo Jack Baranson, em 1974 o Brasil era o maior mercado de exportação, superando o Canadá e a Alemanha, de aviões leves americanos. Seriamente preocupados com restrições de divisas e confiantes em sua capacidade técnica e em sua demanda interna suficiente as autoridades do governo brasileiro acahram que era hora da empresa aeronáutica estatal, a Embraer começar um programa de aviões leves, de um ou dois motores, com o apoio e cooperação de um fabricante de aviões estrangeiros. A Embraer, criada na década de 60 com a finalidade expressa de promover o desenvolvimento da indústria local, após seis anos de operações já estava produzidno três linhas de aviões: o Bandeirante EMB 110, versao modificada do Nord 262 francês; o Ipanema EMB 201 um monomotor para pulverizar plantações projetado pela Embraer e o Xavante EMB 326 GB, avião de treinamento e de ataque de solo, a jato, fabricado com licença da Aeronáutica Macchi SpA empresa italiana. Já em fins de 1974 a Embraer tinha 3500 empregados e um capital de cerca de US 20 milhões.
Em 1974 o Brasil enviou uma missão aos principais fabricantes americanos de aviões leves, Piper, Beech e Cessna, para obter propostas para um acordo de produção pela Embraer no Brasil, de aviões americanos. Segundo a Embraer todas as tres empresas estavam cientes das regras do jogo: os brasileiros revelaram explicitamente sua intenção de desenvolver suas próprias capacidades técnicas, administrativas, industriais e de marketing na produção de aviões pequenos e de reservar, a partir de então, o mercado interno exlcusivamente para aviões produzidos no Brasil, como forma de economizar divisas. Implícito nestas regras estava o resultado final de que somente a firma estrangeira preparada para entrar em acordo com a Embraer poderia continuar participando do mercado barsileiro que somente no ano de 1974 rendeu as fabricantes americanos US$ 600 milhões. A Embraer tinha uma preferência marginal pela Cessna porque ela gozava de reputaçã e detinha 60% do mercado brasileiro. A Beech desde cedo deixou de ser uma concorrente real assumindo a posição de que se o Brasil quisesse seu avião teria que importá-lo.
A Cessna contudo recusou-se em dar a Embraer autoridade para fazer modificações que esta julgasse necessárias no avião da Cessna que ela resolvesse fabricar, caracteristica da qual a Embraer não abria mão. A atitude da Cessna a esse respeito foi indício de um temor de que a qualidade ou os padrões de desempenho de seu avião viessem a ser prejudicados se ela concordasse com tais condições, insinuação que não passou desapercebida aos brasileiros e que foi altamente ofensiva para a Embraer, que achava que tinha capacidade. Ademais a Embraer não queria ficar obrigada a pagar royalties pelo know how industrial adquirido de sua sócia estrangeira e a Cessna acahava que os royalties eram uma parte legítima do acordo. O resultado foi que a Piper foi a escolhida. Com isto a Cessna que em 1973 vendera mais de 400 aviões ao mercado barsileiro, vendeu apenas 5 em 1976. Essa queda de vendas foi o resultado de um imposto de 50% (antes de 7%) estabelecido em 1975 sobre aviões importados dessa categoria e de uma exigência do governo brasileiro de que os importadores fizessem o depósito de um ano, sem juros, equivalente ao preço dos produtos industrializados importados. Além disso a lei de similares brasileira, que já existia desde a década de 1890, mas que tivera pouca aplicação até pouco tempo atrás, restringiu seriamente a importação de aviões, pois a lei estipula que quando um item é produzido em qualidade e quantidae suficientes no Brasil e registrado no governo como um produto similar ao importado, será protegido das importações.
O programa de cooperação industrial com a Piper envolveu dois acordos, um para aviões monomotores e outro para aviões bimotores. De início foram escolhidos os modelos de aviões da Piper, Cherokee, Lance, Seneca e o Chieftain. Firmando o acordo em agosto de 1974, menos de um ano depois começavam a ser comercializados os aviões da linha Piper produzidos pela Embraer. Nos seis primeiro anos de vigência do acordo foram produzidos mais de 1500 aeronaves da linha Piper, possibilitando grande economia de divisas, motivação básica da produção interna de aviões leves. Os aviões Piper em sua maioria foram rebatizados com nomes brasileiros. Assim os monomotores Dakota, Turbo Arrow IV, Archer II e Saratoga, ganharam nomes Carioca, Corisco, Tupi e Minuano, respectivamente. Já o bimotor Sêneca manteve o mesmo nome no Brasil, e o modelo Chieftain recebeu a denominação de Navajo.
A Piper é responsável pelo know how necessário da montagem e da fabricação de peças, bem como pela assistência técnica em áreas como controle de qualidade, manipulação de materiais e fabricação A compensação da empresas americana é basicamente um retorno percentual sobre os componentes que ela envia para a Embraer. A medida que a licenciada substitui progressivamente estas importações por conteúdo local, o retorno diminui. Todavia ainda com uma produção 100% local, a Piper ainda receberá uma remuneração por serviços de manutenção dos aviões. Na Fase 1 do programa enviam-se estruturas completas como fuselagem, empenagens e asas à Embraer para montagem e instalação final de todos os sistemas e componentes. Na fase II a Embraer recebe submontagens estruturadas para montar em gabaritos, alem das funções desempenhadas na fase I. Na fase III a Piper envia todas as peças componentes para montagem final pela Embraer. Os modelos monomotores atingiram a fase III em meados de 1977, o Seneca em 1977 e o Navajo em 1978. Mais de 50 empresas brasileiras participam da rede de subcontratações da indústria aeroespacial do país.
O programa da Piper é basicamente um acordo de licenciamento mas a médio longo prazo poderia promover o desenvolvimento cooperativo de um novo avião. Esse programa, inicialmente de responsabilidade da Embraer, foi transferido em março de 1980 à Neiva, que desde então passou a ser a responsável pela produção dos modelos Piper como também do avião agrícola EMB-202 Ipanema, em suas instalações em Botucatu, interior do esatdo de São Paulo. Hoje os aviões leves da Embraer são fabricados pela Indústria Aeronáutica Neiva S/A. A empresa foi fundada em 1954 e ao longo de 48 anos fabricou aviões leves. Tendo sido adquirida pela Embraer, tornando-se sua subsidiária, a Neiva é hoje responsável pela produção dos aparelhos de menor porte do grupo Embraer.

Fonte: http://www.aeroneiva.com.br/content/ipanema/default.asp
http://www.aeroneiva.com.br/content/aempresa/default.asp
http://www.radiobras.gov.br/ct/ (7 de setembro de 2002)
http://www.infraestruturabrasil.gov.br/noticia/not_detalhe.asp?not=-1466685959
http://www.paranaautomotivo.com.br/noti_vis.php?noti_cod=39
http://www.comciencia.br/noticias/18out02/aviao-alcool.htmacesso em outubro de 2002
http://www.iae.cta.br/ASA/asa-p/motoraetanol.htmlacesso em novembro de 2002
http://www.nascente.com.br/enciclop/cap002/043.htmlhttp://www.museutec.org.br/resgatememoria2002/old/enciclop/cap002/040.html
ETHANOL: ARAB-BRAZILIAN CHAMBER PARTICIPATES ETHANOL WORKSHOP IN SUDAN.
BIOPACT, 23/01/2007.
Eearlier we referred to a highly interesting 'triangular' relationship that is growing between Brazil, Europe and Africa. The three continents are starting to cooperate in a typical 'South-North-South' formation, to produce biofuels in Africa (earlier post).
Roughly sketched, the idea boils down to the following, simple principle: ('South') Brazil offers its immense scientific and technological expertise on biofuel production and agriculture, ('North') Europe provides funds and strategies for technology transfers and for the smooth implementation of the projects within a socio-economic framework that is embedded in its development strategy for Africa, ('South') whereas the African partner not only offers land and labor but the willingness to engage in a dialogue on development strategies, and accepts to participate in joint efforts to create infrastructures, institutional changes and local/export markets. The three partners profit from mutual benefits that exceed the benefits they would obtain were they to go it alone.
In order for such an exchange to succeed, Brazil recently established the Centro de Agronegócio (created by the Getúlio Vargas Foundation, the country's leading social science foundation), which has taken up bioenergy as one of its main research areas, and which aims to transfer Brazilian expertise to the South. From the start, the Centro announced it plans to cooperate with Europe to introduce biofuels in Africa. Sudan was one of the countries mentioned to be seen as holding a large potential. The Centro also sees it as its task to assist other organisations to pave the way for such exchanges.The Arab-Brazilian Chamber of Commerce is one such an organisation. Two of its representatives are in Sudan to participate in the Khartoum International Fair, which kicks off on Wednesday. Their prime objective is to participate in a seminar on ethanol production. They were invited by Kenana, Sudan's largest sugar company in the country.
Despite its oil wealth, war-troubled Sudan -- Africa's largest country -- is a potential 'biofuel superpower' that could supply Europe and Asia with renewable liquid fuels, competitively. After years of war, the country's agricultural resources have been left seriously underexploited. Assessments of Sudan's biofuel production potential show that, when all the food, fiber and fodder needs of the rapidely growing population are satisfied, there remains an abundance of land for highly suitable energy crops.
The country currently produces a modest amount of sugarcane and has been looking at the ethanol option. It now wants to cooperate with Brazil (and Europe) to get the green industry off the ground:
The International Ethanol Workshop in Khartoum is promoted by the ministries of Industry and of Energy and Mining of the Arab country and will include the participation of two representatives of the Brazilian organization, the coordinator of operations, Rodrigo Solano, and the Market Development analyst, Jean Gonçalves da Silva. The Chamber was invited to participate in the seminar by Kenana Sugar Company, the largest company in the sugar and alcohol sector in Sudan.
Kenana belongs to the governments of Sudan, Kuwait, Saudi Arabia and to private investors. The company also has plans to produce ethanol, a product in which Brazil dominates the technology. Representatives of Kenana have already been in the country many times to learn more about the national production of alcohol and to seek Brazilian partners to operate in the sector in Sudan. Last year, executives of the company participated in an international seminar about ethanol, in São Paulo.
At the seminar, according to the secretary general at the Arab Brazilian Chamber of Commerce, Michel Alaby, it will be possible to learn more about Sudanese projects in the area and to check the possibility of supplying Brazilian equipment for the production of ethanol. According to Alaby, the Sudanese are interested in Brazilian equipment and technology for alcohol production. As is the case with Brazil, Sudan is a producer of sugarcane, the raw material from which the product made.
Brazil is the largest world producer of alcohol. In the current sugarcane crop, 2006/2007, the country should produce 17.4 billion litres of alcohol, of which 3.1 billion should be exported, according to forecasts by the São Paulo Sugar Cane Agroindustry Union (Unica). This production will be the result of a harvest of 425 million tonnes of sugarcane, which will be picked in April this year. By the 2012/2013 crop, Brazil should be exporting seven billion litres of ethanol, due to investment that the sector is due to receive. This harvest alone, 12 new mills should be opened in Brazil, and in the next, another 16.
The Arab Brazilian Chamber representatives are in Khartoum to participate in Khartoum International Fair, to begin on Wednesday (24), in the capital of the Arab country, and to end on February 02.
The Arab Brazilian Chamber will have a 32 square-metre stand at the fair, in which the organization will provide information about the Brazilian production. The organization took to the fair catalogues of various companies interested in entering the Sudanese market. The country, which is in Africa, imported last year a total of US$ 7.2 billion in products.In the period, Brazil had revenues of US$ 79.7 million with exports to Sudan. The value presented a significant increase of 15% over the US$ 69.3 million of 2005. Among the main products sold were bulk sugar, chassis and tractors. The global trade between both countries was US$ 79.85 million in 2006. Sudan exports little to Brazil: US$ 81,400 last year.
estimated 17.4 billion Brazilian reais (€6.2/US$8.1billion) in the country’s biofuels sector over the next four years, the Energy Ministry says.Minister Silas Rondeau said Brazil's ethanol output would

A REVOLUÇÃO ENERGÉTICA VERDE
O sucesso do etanol e do biodiesel fazem o Brasil alcançar a independência nos combustíveis alternativos para veículos.
Um dos poucos países do mundo onde a cotação do barril de petróleo deixou de ser notícia é o Brasil. Este ano foi concluído um projeto que começou há três décadas e cujo ápice foi anunciado em abril passado numa plataforma de petróleo a 120 quilômetros da costa do Rio de Janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o Brasil deixou de ser dependente de petróleo importado.
Lula inaugurou então uma nova plataforma de extração de cru, com uma produção de 1 milhão de barris diários. Mas o verdadeiro segredo da independência energética do Brasil foi uma ativa política de pesquisa sustentada e sua entrada paulatina no mercado, que permitiu que mais de 40% do imenso parque automobilístico brasileiro se movimente total ou parcialmente graças ao etanol, um álcool obtido da cana-de-açúcar que é utilizado como combustível.
A busca de energias alternativas talvez seja uma das demonstrações mais claras das políticas de Estado seguidas no Brasil. Iniciada nos anos 70 pela ditadura militar, depois da crise do petróleo continuou em todos os governos democráticos de diversas tendências que se seguiram. A entrada do álcool no mercado energético foi feita sem incentivar diretamente o consumidor com nenhum tipo de vantagem. O preço do álcool nos postos de serviço é 70% o da gasolina, mas o governo não o regula e intervém unicamente na mistura de etanol e gasolina que deve existir em um litro.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de etanol, mas o crescimento de seu consumo foi tão rápido que já em 1989 ocorreram as primeiras crises de abastecimento; atualmente 25 mil postos de combustível do país fornecem álcool para veículos. Em 1997 foi fundada a União Agroindustrial de Cana de São Paulo (Unica), uma organização que reúne cerca de cem empresas produtoras. "Quase tudo o que produzimos se destina ao consumo interno", diz Antônio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica, que prevê que nos próximos cinco anos o consumo de álcool combustível chegará aos 20 bilhões de litros por ano.
Rodrigues salienta as vantagens ecológicas que representa o cultivo de cana-de-açúcar, que não exige muita água - na prática só é irrigada artificialmente no vale do São Francisco, na Bahia -, sendo suficiente a água da época das chuvas, de janeiro a março.
"Atualmente toda a gasolina vendida é misturada com 20% de álcool e os produtores querem que essa porcentagem seja aumentada para 25%", diz Benedito Carlos Cavalcante, supervisor de combustíveis do estado de São Paulo. E não só isso: mais de 2,5 milhões de veículos circulam diariamente pelas cidades do Brasil utilizando álcool e outros 2 milhões usam um sistema chamado flex, que lhes permite funcionar com álcool ou gasolina. Uma firma italiana acaba de lançar no mercado brasileiro um veículo com um motor que funciona com três tipos de combustíveis ecológicos. E a proporção continuará aumentando de forma incontível. Mais de 80% dos carros vendidos no Brasil podem usar etanol.
O passo seguinte é o biodiesel, obtido a partir de vegetais (soja, girassol, rícino, amendoim, semente de algodão, palma) e que a partir de 2008 será misturado em 2% com todo o combustível diesel comercializado, porcentagem que aumentará para 5% em quatro anos. Mas já circulam experimentalmente veículos com 30% de mistura de biodiesel.
E no sudeste do Brasil está sendo construída uma usina de produção de biodiesel que a partir do próximo ano produzirá 48 milhões de litros do combustível. "Tecnicamente creio que já seja possível eliminar da circulação os veículos a gasolina", opina Cavalcante. "O que acontece é que aqui já enfrentamos o mercado. Não creio que a substituição total ocorra antes de dez anos", acrescenta.
Para 2010 está previsto que o Brasil alcance uma produção de 26 bilhões de litros de etanol, contra os atuais 16 bilhões. Segundo o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, dessa cifra cerca de 8 bilhões de litros serão dedicados à exportação. Para esse horizonte de 2010, o Brasil terá 50 usinas em operação com uma capacidade de 2,58 bilhões de litros de biodiesel por ano, contra os 800 milhões de litros atuais.
Mas o setor energético brasileiro apresenta um ponto frágil: 50% do gás que se consome diariamente no país procedem da Bolívia, em pleno conflito com a petroleira estatal Petrobras e com uma instabilidade institucional e jurídica recorrente. Esse é o fator pelo qual as autoridades e a indústria decidiram se inclinar pelo etanol e não pelo gás natural como combustível automotor. Além disso, praticamente toda a indústria de etanol é brasileira, sendo a presença estrangeira quase nula. De fato, os empresários brasileiros já pensam em exportar um sistema que se revelou um sucesso. "Pensamos na África", revela Rodrigues. "Tem um grande potencial e um clima parecido com o nosso, mas há necessidade de investimentos e tecnologia."

Autor: Jorge Marirrodriga - São Paulo
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
A PETROBRÁS ACORDA A TEMPO
FONTE :DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO DO EXERCITO
O anúncio, feito há duas semanas pela Petrobrás, de que dominou novo processo de produção de biodiesel (H-Bio) é uma tentativa de não deixar escapar de seu controle um mercado altamente promissor, como aconteceu com o álcool.
Nos anos 80, a melhor resposta da Petrobrás ao mercado do álcool carburante criado pelo Proálcool foi erguer no sertão mineiro (Curvelo) uma desastrada unidade produtora de etanol de mandioca. A Petrobrás não consegue participar do sucesso do Proálcool porque pouco ou quase nada tem a ver com ele. A tentativa agora é conquistar fatias do segmento de exportação por meio de investimentos em terminais de etanol.
Até agora, o projeto do biodiesel vinha recebendo do governo mais tratamento social do que econômico. Ao pequeno produtor agrícola vinha sendo dito que passou a ter à sua disposição nova destinação (produção de combustíveis) para sua lavoura de girassol, dendê, mamona e outras oleaginosas. Parece mais viável colher essas matérias-primas a partir de grandes escalas de produção do que de pequenas unidades.
O biodiesel não tem o fator econômico limitativo que tinha o Proálcool, cujo custo de produção era maior do que o do seu sucedâneo, a gasolina. O preço (com todos os custos) do biodiesel é bem mais baixo do que o preço do diesel de petróleo. O barril de 159 litros de diesel é negociado em torno dos US$ 90 (cotação internacional), enquanto o preço do barril de óleo de soja oscila perto dos US$ 73.
Além disso, a regulação do produto (Lei 11.097/05) criou um mercado cativo para ele. Impôs a adição de biodiesel ao diesel convencional na proporção de 2% de biodiesel para 98% de diesel. Até 2007, a adição desses 2% será facultativa. De 2008 a 2012, será obrigatória. A partir de 2013, essa proporção deve subir para 5%. Isso significa um mercado firme para o biodiesel, de 15 milhões de barris por ano. Nos últimos leilões, a Petrobrás, como agente do Ministério de Minas e Energia, pagou R$ 1,80 por litro de biodiesel (US$ 120 por barril).
O H-Bio é uma importante conquista tecnológica da Petrobrás. O diesel comum, que é um derivado do petróleo obtido pelo seu craqueamento nas refinarias, tem de ser submetido a um processo de hidrogenação para que possa ser utilizado nos motores comuns do ciclo diesel.
O processo da Petrobrás consiste em submeter a mistura de diesel com 10% de óleo vegetal no mesmo processo de hidrogenação. O produto assim obtido traz algumas vantagens: não gera resíduos e aumenta as qualidades técnicas do produto final.
A Petrobrás prevê que em pouco tempo estará em condições de processar o H-Bio em duas refinarias. Como revela o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, a meta para 2010 é produzir 8,2 mil barris diários de biodiesel. É uma gota diante dos quase 230 milhões de barris diários de diesel consumidos no País, mas mostra a força da Petrobrás e sua determinação em não deixar que as esmagadoras de oleaginosas se avantajem demais nesse segmento.
Nivaldo Trama, presidente da ABIOdiesel, que é a associação que cuida dos interesses da indústria produtora de biodiesel (processamento de óleos comuns para transformá-los em biodiesel), reconhece que o anúncio do novo processo da Petrobrás surpreendeu o setor, que teme agora o jogo pesado nessa concorrência.

UNICAMP
INOVAÇÃO
Encontro de Energia, no Ciesp
PARA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, "BIODIESEL É MAIS ESTRATÉGICO DO QUE ETANOL", POR CAUSA DO CONSUMO INTERNO
Janaína Simões
O setor acadêmico tem um papel central no aumento da produção de biodiesel no Brasil. O custo ainda pouco competitivo desse produto só será questão resolvida quando o País descobrir uma espécie altamente produtiva para o biodiesel como a cana-de-açúcar é para o etanol, afirmou Ângelo Bressan Filho, chefe do Departamento da Cana-de-Açúcar e Agroenergia da Secretaria de Produção de Agroenergia do Ministério da Agricultura, durante o 7º Encontro de Energia, promovido pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) entre os dias 1º e 3 de agosto, em São Paulo. "Está nas mãos dos pesquisadores encontrar as soluções para produzirmos biodiesel de forma mais abundante. É um produto pronto, mas ainda precisa de esforço grande de pesquisa para virar produto de massa", acrescentou.
No dia 31 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião com agricultores no Palácio do Planalto, anunciou que o País pode antecipar o cumprimento de metas para adição de biodiesel ao diesel. Atualmente, a lei prevê que todo o diesel vendido no País terá de conter 2% de biodiesel a partir de 2008 e 5% a partir de 2013 — embora a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) não confirme a antecipação. Em seu discurso, o presidente destacou as possibilidades de geração de emprego e renda a partir da inserção dos agricultores familiares na produção do biodiesel. Seria um aspecto positivo para países subdesenvolvidos como o Brasil, nações africanas e da América Latina, enumerou.
A fala do secretário repete a do presidente. Para ele, o desenvolvimento do biodiesel é até mais estratégico para o Brasil do que o etanol, pois aqui se consome mais diesel do que gasolina e álcool. "Descobrir a cana do biodiesel é um problema que está nas mãos dos pesquisadores: obter uma oleoginosa que produza muito óleo por unidade de área", comentou. Ele exemplificou com o caso da palma, que tem grande potencial, mas sua produção só se mostrou viável, até agora, em áreas muito úmidas. No caso da produção de biodiesel por mamona, destacou, o País precisa desenvolver tecnologias para produção das sementes. "Os países que têm dinheiro estão investindo nas próprias tecnologias, pensando nas suas características. Precisamos ter linhas de pesquisa e ser líderes em produtos de biomassa tropical", completou.
No entanto, de acordo com produtores, a demanda por biodiesel, concentrada na Petrobras, e os preços em retração desestimulam os fabricantes de óleos vegetais, como registrou o jornal Valor Econômico na sexta-feira, dia 4 de agosto. A paulista Granol recuou em seu cronograma de investimento para a área. A empresa terminará em setembro uma usina em Cachoeira do Sul (RS), mas um outro projeto, para Anápolis (GO), cuja previsão de implantação era março de 2007, foi engavetado. Na reportagem, o vice-presidente da empresa Caramuru, César Borges de Souza, observou que o biodiesel é vendido a preço fixo para a Petrobras, enquanto o óleo de soja exportado é comercializado a preço de mercado.
Interesse internacional e Petrobras
Já existe recurso e interesse internacional pelo etanol brasileiro; e pelo biodiesel. O governo japonês ofereceu US$ 600 milhões ao Brasil para financiar pesquisa e empreendimentos para produção de ambos. "Temos o problema do risco cambial, alguém precisaria assumi-lo. Estamos negociando dentro do governo para saber como disponibilizar esse financiamento sem deixar o risco cambial por conta do tomador", explicou. Há também a idéia de vincular esse crédito internacional à exportação de álcool para o Japão.
Mesmo para grandes empresas o biodiesel ainda é um grande desafio. A Petrobras está produzindo o H-Bio, mas ainda faz uma série de testes nas refinarias para avaliar processos de produção. O H-Bio, na verdade, é o nome de um processo em que o óleo vegetal é introduzido juntamente com o diesel em uma unidade de hidrotratamento dentro da própria refinaria. O produto que sai é um diesel de alta pureza e qualidade. Difere da produção do biodiesel feito em usinas, pois nelas o óleo vegetal passa por um processo químico juntamente com etanol ou metanol, chamado transesterificação.
A meta da Petrobras é chegar a 425 mil metros cúbicos de processamento no ano que vem, segundo Sillas Oliva Filho, gerente de comércio de álcool e oxigenados da Petrobrás. O H-Bio nasceu no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), que continua estudando os processos de produção, buscando redução de custos. O H-Bio pode usar qualquer variedade de óleo vegetal, obtido a partir de mamona, girassol, soja, palma ou algodão. A Petrobras não tem intenção de entrar na produção do óleo e também defende sistematicamente que o Brasil é um país continental e que a produção do H-Bio não inviabilizará a produção de biodiesel de outros produtores menores.
Biodiesel é estratégico para País, pensa o governo
O etanol, na visão de Bressan, sofre uma limitação — ser usado prioritariamente na mistura com gasolina na frota existente. "Foi um erro nunca pensarmos no álcool para um uso mais geral, como em pequenos motores, motocicletas etc. O biodiesel é mais amigável se comparado com o álcool nesse aspecto", afirmou. Hoje, a produção de biodiesel localiza-se no Centro-Sul e no Nordeste. Ele contou que o Estado do Maranhão fez um estudo completo sobre o potencial de desenvolvimento de biocombustíveis. Bressan revelou que esse trabalho vem sendo apresentado nos fóruns sobre energia para estimular outros Estados a fazer esse tipo de estudo e também para outros países, que podem se interessar por investir no Maranhão.
A Alemanha é o líder hoje na produção de biodiesel, mas já se encontra no limite da produção, porque utiliza apenas canola para a obtenção do óleo utilizado no biodiesel e não tem mais espaço físico para ampliar o seu cultivo. Os alemães já estão substituindo 100% do diesel por biodiesel. Os Estados Unidos também deram passos importantes e hoje contam com mais de 120 plantas produzindo biodiesel. Em compensação, como destacou Nivaldo Rubens Trama, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel (Abiodiesel), a diversidade de matéria-prima disponível para fabricação de biodiesel é um enorme diferencial em relação a outros países e também em relação ao próprio etanol, que basicamente é produzido a partir apenas de cana-de-açúcar. Além das oleoginosas — palma, babaçu, soja, mamona, algodão, girassol —, há potencial para produção de biodiesel a partir de gorduras animais, resíduos graxos industriais e gorduras de saneamento básico.
O mercado interno, segundo a associação de produtores, tem enorme potencial, se for considerado o consumo de 36 milhões de metros cúbicos anuais de diesel no Brasil hoje. "Ficamos assustados e surpresos com a receptividade dos empresários diante do biodiesel. As estimativas apontam para um consumo de 340 milhões de litros em 2007", ressaltou Trama, da Abiodiesel. Ele defendeu ajustes pontuais no programa de biodiesel nacional. Mesmo sendo dono de uma empresa esmagadora de soja, ele destacou que os produtores não devem investir apenas na produção de biodiesel a partir do óleo de soja. Uma mistura de diversas matérias-primas deixaria os produtores menos vulneráveis.
A produção e comercialização do biodiesel também dependem da logística e da regulação do mercado. O problema é que todas as regiões precisam ter biodiesel a partir de 2008, quando se torna obrigatória a adição de 2% do mesmo na composição do diesel. A Lei 10.097, de 2005, estabelece porcentuais mínimos de mistura de biodiesel e como se fará o monitoramento do novo combustível no mercado. O governo tem tentado regular esse mercado nascente de biodiesel também por meio da realização de leilões para venda do produto.
Foram quatro leilões de biodiesel promovidos pela Petrobras. Nos dois últimos leilões, 80% no terceiro e 72% do volume total leiloado no quarto foram comprados por empresas produtoras do Nordeste. Mas o consumo maior se dá nas Regiões Sul e Sudeste. Empresários questionaram durante o fórum de energia se o gasto com o diesel para o transporte desse biodiesel para as áreas de consumo não seria maior do que o valor do produto comprado no Nordeste. Outra dúvida se relacionou a durabilidade do biodiesel durante o processo de armazenagem e transporte.
Sérgio Galdieri, diretor do Departamento de Infra-Estrutura do Ciesp, explicou que já existem oxidantes que permitem a duração de até um ano do biodiesel. São produtos importados, mas, com a ampliação do mercado, deverá haver produção nacional desse produto. Uma das fabricantes de oxidante é a alemã Basf. Sobre os leilões, Galdieri lembrou que no segundo leilão houve uma concentração de compra por parte de empresas do Rio de Janeiro e de São Paulo, que adquiriram 60% do total de litros de biodiesel oferecidos.
O contexto internacional para o etanol
Outro foco de atenção do Fórum de Agroenergia realizado durante o 7º Encontro de Energia foi o etanol. Nesse assunto, o destaque foi dado para as oportunidades de venda do produto no mercado externo. O Japão fez uma lei em 2004 autorizando 3% de mistura de álcool na gasolina, mas os japoneses ainda querem ter garantia de que o Brasil será um supridor viável de álcool. Os Estados Unidos elaboraram um plano nacional de energia voltado para fontes em biomassa. Os Estados nos EUA estão estabelecendo leis de mistura de álcool na gasolina, de olho na reação negativa dos consumidores em relação ao aumento do preço do petróleo justamente em tempos de eleições.
O programa da Flórida, de Jeb Bush, irmão do presidente George W. Bush, que sempre foi associado ao setor petrolífero, conta com apoio federal. Segundo Bressan, representantes da Flórida devem chegar ao Brasil na semana que vem e há negociações para que os EUA eliminem a tarifa de US$ 140 por metro cúbico cobrada dos produtores brasileiros na importação do álcool nacional. O álcool brasileiro chega aos EUA hoje passando, primeiro, pelo Caribe, onde as usinas fazem parte do processo de produção do etanol, um jeito que os empresários nacionais conseguiram de fugir da tarifa protecionista criada pelos EUA.
Há, ainda, um grupo de trabalho dentro do Mercosul tratando de etanol. A Argentina aprovou sua lei de combustíveis renováveis e o Uruguai está concluindo o processo, disse Ângelo Bressan Filho, do Ministério da Agricultura. O Canadá já tem uma lei determinando a mistura de álcool na gasolina e quase todos os países da Ásia estão montando ou já concluíram seus programas. Apenas a Europa é uma incógnita — exceto a Alemanha, que optou pelo biodiesel. O Brasil, segundo Bressan, tem sido procurado por vários países, especialmente os mais pobres, que buscam a expertise brasileira na produção, transporte e armazenamento do etanol.
O uso de combustíveis renováveis não é motivado apenas pela alta do preço do petróleo, mas por questões estratégicas relacionadas à diversificação das fontes e matrizes energéticas e menor dependência da importação de petróleo, como destacaram Ângelo Bressan e Nivaldo Trama. O preço elevado do petróleo é um argumento que ajuda a convencer a sociedade e os empresários a investir em outras fontes.
Segundo Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), há 89 projetos de usinas no País, 31 deles no Centro-Sul. Se todos forem implementados, corresponderão a um investimento de US$ 13 bilhões. "Sem infra-estrutura, a produção será concentrada em Minas Gerais, em São Paulo. Para haver descentralização da produção, criar corredores de produção, é preciso uma mudança na política tributária para melhorar o mercado interno e investir em logística para exportação", completou. Essa descentralização é necessária para o aumento da produção de etanol.

A UNICA - UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO PAULO
Histórico

A Unica - União da Agroindústria Canavieira de São Paulo surgiu em 1997 da necessidade de organização do setor de açúcar e álcool, diante da desregulamentação ocorrida no final dos anos 90.

O fim da interferência do governo marcou o início da adaptação do segmento ao mercado livre, o que levou à profissionalização da entidade, em 2000, com a criação do cargo de presidente executivo - processo que avançou em 2003, com a introdução dos cargos de diretor técnico e de secretário-geral.

Com a experiência das entidades empresariais que a antecederam, a Unica representa mais de 100 unidades produtoras, agrupadas em dois sindicatos - o da Indústria da Fabricação de Álcool no Estado de São Paulo (Sifaesp) e o da Indústria do Açúcar no Estado de São Paulo (Siaesp). É a representante dos produtores de cana, açúcar e álcool no Estado de São Paulo, Brasil, contando, entre suas unidades industriais associadas, com as que fabricam açúcar e álcool; as que se dedicam apenas à produção de álcool; e as que se concentram na produção de açúcar.

A Unica é, ainda, a guardiã da memória estatística da produção brasileira de cana, açúcar e álcool. Suas previsões sobre a safra sucroalcooleira no Centro-Sul são reconhecidas por sua exatidão, resultado de levantamento cuidadoso de dados.

Missão
A Unica - União da Agroindústria Canavieira de São Paulo dedica-se à expansão dos mercados de álcool e açúcar em diversas frentes. Para tanto, tem apoiado as iniciativas governamentais pela derrubada das barreiras protecionistas no campo externo.

Também defende a universalização da produção e do uso de álcool combustível, para que este se torne uma 'commodity' ambiental, com a abertura de mercados como oxigenante da gasolina ou como combustível principal em veículos de tecnologia avançada - entre elas, o flex-fuel e as células de hidrogênio.

A Unica ainda apóia a mistura de álcool no óleo diesel e políticas de expansão do uso da biomassa na matriz energética brasileira.

O valor ambiental dos produtos da cana faz com que a Unica incentive a diversificação das atividades dos países produtores de açúcar, para que também se dediquem à produção de álcool e à co-geração de energia, tanto no que se refere à melhoria da saúde pública quanto ao meio ambiente.

A Unica tem desenvolvido políticas que dêem competitividade à biomassa, uma alternativa concreta às fontes fósseis de energia (petróleo, carvão mineral e gás natural), devido a suas propriedades ambientais, sociais e econômicas - entre elas, a redução da poluição atmosférica, principalmente em grandes centros urbanos, e a diminuição do efeito estufa em termos globais.

A biomassa ainda permite gerar mais empregos e descentralizar a renda. Também reduz a dependência do petróleo importado - cujas reservas concentram-se numa das regiões mais instáveis do planeta, o Oriente Médio, aumentando, assim, a economia de divisas.

Para o açúcar, a Unica defende a adoção das medidas necessárias à ampliação do mercado mundial - um dos mais protegidos -, bem como a redução do apoio interno e a eliminação dos subsídios à exportação. Para tanto, participa ativamente de organizações internacionais que lutam pela liberação desse mercado, como a Global Sugar Alliance.

No mercado interno, a entidade busca reagir contra o crescimento do uso de edulcorantes sintéticos.

Em termos estruturais, a Unica propõe aprofundar a autogestão do setor, iniciada com a desregulamentação, com o aperfeiçoamento das estatísticas, dos mecanismos de produção, comercialização e financiamento, além da adequação do ambiente institucional, como a reforma tributária (Cide, ICMS, PIS/Cofins etc), o estabelecimento de garantias para a co-geração. Também tem estimulado, entre seus associados, a adesão às ações ligadas à responsabilidade social.

SINDICATOS
O Siaesp - Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de São Paulo e o Sifaesp - Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool no Estado de São Paulo, são os representantes, perante as autoridades administrativas, legislativas e judiciárias, dos interesses gerais de sua categoria econômica e dos interesses individuais das unidades produtoras associadas.
Também são responsáveis por celebrar convenções e acordos coletivos de trabalho; eleger e designar os representantes da categoria; colaborar com o Estado, como órgão técnico consultivo, no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a sua categoria econômica; impor contribuições a todos aqueles que se filiarem, nos termos da legislação vigente, e exercer outras atividades que lhe sejam competidas por lei.
A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE BIODIESEL
A ABIODIESEL, entidade nacional que congrega os principais setores ligados a esse biocombustível, tem como prioridade incentivar os investidores interessados neste nicho, oferecendo elementos que comprovem a viabilidade do negócio. Também busca oferecer referências e suporte aos empresários que já estão envolvidos com a questão.Ademais, pretende tornar-se uma frente de diálogo direto com o Governo, para assim poder fazer requisições e propostas de interesse da área.
Missão da Associação
No Brasil, uma das opções que tem se mostrado viável ao esgotamento das fontes energéticas é o biodiesel. O combustível obtido por meio do uso de óleos vegetais reduz a emissão de gases poluentes, além de ser um meio de aproveitar as grandes plantações de oleagiosas já existentes no Brasil.O texto da Medida Provisória 214, aprovado pelo Congresso Nacional em 14 de setembro de 2004, abriu a possibilidade do uso do biodiesel fora do campo de pesquisa, ou seja, com fins efetivos de uso em larga escala. Em 13 de janeiro de 2005, a lei nº 11.097 regularizou a introdução do biodiesel no território brasileiro, estipulando a meta de 5% de adição do produto ao óleo diesel em um prazo máximo de 8 anos. Na lei, fica especificado o termo biodiesel: “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”.
A dimensão que a questão adquiriu trouxe preocupações a diferentes setores. Assim, envolveu produtores de oleaginosas; indústrias processadoras de biodiesel; distribuidoras de combustíveis; representantes da indústria automotiva; indústrias de máquinas e equipamentos; instituições de pesquisa; profissionais de desenvolvimento, controle ambiental e engenharia química.
Todos estes interesses convergiram para fundar a ABIOdiesel (Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel). Há representantes de todas as vertentes citadas, com enfoque especial para as indústrias, que tiveram no mês de março o início oficial de suas atividades. A planta da Soyminas, localizada na cidade de Cássia, Minas Gerais, produz biodiesel a partir de girassol e nabo forrageiro.
Sua missão primeira é promover e incentivar os grandes empresários a investirem neste mercado promissor. Do mesmo modo que o uso do álcool foi incentivado na época de lançamento do Pró Álcool, a Associação pretende fazer o mesmo com o biodiesel. Como o projeto ainda está em fase de implantação e necessita de investimentos mais volumosos, a entidade primeiramente conclama aqueles com maior poder econômico. Obviamente isso não exclui médios e pequenos investidores, que possuem papel fundamental para alcançarmos nossos objetivos. Dessa forma, a Associação, pretende uma maior integração dos envolvidos com o biodiesel, independente da categoria a qual pertençam. Um instrumento de abrangência nacional possui grande representatividade, o que facilita o diálogo com órgãos governamentais e com interessados internacionais