quinta-feira, 29 de março de 2007

OPINIÕES ACERCA DOS FATOS EM 29 DE MARÇO

PIB DE LULA É 45% MAIOR QUE DE FHC

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 256


. Quando o IBGE fez a primeira divulgação do PIB de 2006, a mídia conservadora celebrou a fraqueza do número: 2,9%.

. Era o “pibinho” do Lula.

. A Folha de S. Paulo chegou ao opróbrio de comparar o pibinho de Lula ao de FHC – de fato, quase uma ofensa pessoal ao presidente Lula.

. Agora, o IBGE reviu os cálculos (*), inclusive do período FHC, e chegou à conclusão de que o crescimento do PIB em 2006 não foi de 2,9% mas de 3,7%.

. Não é uma “fragata inglesa”, mas dá uma goleada no período de ouro do neo-liberalismo brasileiro, o chamado FHnistão.

. O Pibinho do Lula é 45% maior do que o Pibão do FHnistão.

. Acompanhe esses números:

Média do crescimento do PIB de 1995-1998 (1º mandato de FHC): + 2,44%

Média do crescimento do PIB de 1999-2002 (2º mandato de FHC): +2,27%

Média do crescimento do PIB de 1995-2002 (os dois mandatos de FHC): + 2,29%

Média do crescimento do PIB de 2003-2006 (quatro primeiros anos do governo Lula): + 3,34%

(CÁLCULOS: PROFESSOR ALCIDES LEITE, DA TREVISAN ESCOLA DE NEGÓCIOS)
(*) Nem a Miriam Leitão, a Controladora Geral da República, viu defeito na revisão do IBGE...


Fidel Castro rompe o silêncio e ataca política de Bush para o álcool
da Efe, em Havana
Após oito meses de silêncio, o presidente afastado de Cuba, Fidel Castro, atacou a política energética do presidente americano George W. Bush, em artigo publicado no jornal oficial "Granma".
O artigo critica a estratégia dos Estados Unidos para promover o uso de combustíveis alternativos, como o álcool, e suas repercussões nos países pobres. Mesmo elogiando a tecnologia brasileira, Fidel descarta o seu uso em Cuba.
É o primeiro artigo de Fidel desde que se afastou do governo após uma cirurgia intestinal, em 31 de julho, sendo substituído por seu irmão Raul.
No texto, Fidel acusa Bush de condenar 3 bilhões de pessoas "à morte prematura" com o plano de converter "alimentos em combustível". "Não é um numero exagerado, mas bem cauteloso. Tenho meditado bastante depois da reunião do presidente Bush com os fabricantes norte-americanos de carros", afirma o texto.
O líder cubano se refere à reunião de 26 de março entre Bush e os principais fabricantes de automóveis do país, em que o presidente americano defendeu a idéia de incentivar a produção de álcool e combustíveis alternativos.

"Idéia sinistra"

Na reunião, segundo Fidel, foi definida a "idéia sinistra de converter alimentos em combustível", com o apoio de empresas como General Motors, Ford e Chrysler, presentes ao encontro.
"Reduzir e reciclar todos os motores que consomem eletricidade e combustível é uma necessidade elementar e urgente de toda a humanidade. A tragédia está na idéia de transformar os alimentos em combustível", afirma Castro.
Ele avalia que seria necessária uma colheita gigantesca de milho para produzir álcool e vários investimentos "ao alcance apenas das empresas mais poderosas".
"Aplicando esta receita aos países do Terceiro Mundo, muitas pessoas deixarão de consumir milho entre as massas famintas de nosso planeta. O financiamento aos países pobres para produzir álcool não deixará sobrar uma árvore sequer para defender a humanidade da mudança climática", insiste o cubano.
LâmpadasEm Cuba, o álcool é um subproduto da indústria açucareira, mas a mudança de clima "está afetando a produção".
"Por isso, independentemente da excelente tecnologia brasileira para produzir álcool, a sua utilização em Cuba não passa de um sonho, um desvario dos que se iludem com essa idéia", afirma.
"Em nosso país, as terras dedicadas à produção direta de álcool podem ser muito mais úteis na produção de alimentos para o povo e na proteção do meio ambiente", avalia Castro.
O cubano diz que todos os países do mundo, ricos e pobres, "poderiam poupar milhões e milhões de dólares em investimentos e combustível simplesmente trocando todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, como Cuba fez em todas as casas do país".
"Isso ajudaria a resistir à mudança climática sem matar de fome as massas pobres do mundo", diz o texto.
DIRCEU FALA SOBRE PAC COMO SE FOSSE DO GOVERNO
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Usando o pronome "nós" para se referir ao governo federal, o ex-ministro José Dirceu (PT), cassado na Câmara sob a acusação de chefiar o mensalão, fez ontem em Fortaleza uma palestra sobre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a um grupo de cerca de 300 agricultores.
Em sua fala, o ex-ministro explicou e defendeu o programa, principal estratégia de investimentos do governo federal neste novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em diversos momentos, ele usou o pronome pessoal "nós" para falar das decisões do governo, como se ainda fizesse parte da construção do programa.
"Quando vencemos as eleições no ano passado e começamos a pensar o novo governo...", disse, ao introduzir as explicações para a implantação do PAC, logo no começo da palestra. "Com o PAC, não estamos só pintando a casa, mas a estamos reformando toda", complementou.
Dirceu chegou a afirmar, em seu discurso, que não poderia dar detalhes técnicos das obras contempladas pelo PAC no Nordeste por não ser mais ministro, mas, logo depois, abriu seu notebook e relacionou várias delas, não só no Ceará, mas em outros Estados, com seus respectivos valores.O ex-ministro está fora do governo Lula desde junho de 2005, quando saiu do ministério da Casa Civil para voltar à Câmara dos Deputados e se defender contra as denúncias de chefiar o mensalão. Em dezembro do mesmo ano, ele foi cassado.
Dirceu afirmou que tem viajado pelo país para fazer palestras e "se defender", mas negou que esteja fazendo uma "campanha" por sua anistia, para retomar sua elegibilidade.
"Não estou fazendo campanha, até porque não faria isso sozinho. Faço política, como sempre fiz. Tenho apoios em todo o país que, no momento certo, levantarão essa bandeira", disse, sob aplausos dos agricultores, que integram a Fetraece (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado do Ceará).
"Independente do que acontecer, vocês vão sempre me ter como militante do PT."
Para o ex-ministro, os militantes deveriam estar na rua defendendo o governo, o PAC e uma reforma política. "A direita está fazendo campanha contra nós. Temos que agir", disse.
Depois da palestra, Dirceu disse à reportagem que falou sobre o PAC na condição de "cidadão brasileiro, como qualquer outro", e não em nome do governo federal.
MARCELO REHDER
ESTADÃO'PAÍS ESTÁ MAIS PARA ÍNDIA DO QUE PARA CHINA'
EntrevistaSamuel Pessôa, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV
Para o economista, com o aumento do peso dos serviços no PIB, o País depende mais do trabalho que do investimento
A revisão do PIB revelou que o Brasil está se tornando um país mais especializado em serviços do que em indústria, diz o economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Trata-se, segundo ele, de uma economia que, para crescer, depende mais do fator trabalho que do investimento, cujo padrão está mais para a Índia do que para a China.
Qual a cara do economia brasileira depois da revisão do PIB?Aprendemos com essa revisão que a economia brasileira está virando uma economia de serviços. A participação dos serviços no PIB cresceu quase 10%, enquanto a da indústria e da agricultura caíram na mesma proporção.O que isso significa na prática?
Uma economia baseada em serviços depende muito mais do fator de produção trabalho que do investimento para crescer. Isso explica o fato surpreendente de que investimos menos do que imaginávamos e crescemos mais do que também imaginávamos. O setor de serviços é de mão-de-obra intensiva e utiliza menos capital do que a indústria.Eu diria que o nosso crescimento se assemelha mais ao da Índia do que o da China.E quando vamos crescer os mesmos 7% que têm sido registrados pela Índia?A Índia cresce o dobro do que estamos crescendo. Mas eu acho que não é comparável. A renda per capita no Brasil é muito maior do que a da Índia e ainda maior do que a da China. Não me parece razoável que uma economia com a renda per capita que nós temos cresça à mesma velocidade da Índia ou da China. Acho que uma taxa de crescimento 5% ao ano, com inflação controlada e situação externa folgada é mais do que razoável para uma economia como a nossa.
Para crescer acima de 5%, o País precisa mesmo investir 25% do PIB?Isso mudou. A economia está crescendo mais com menos investimento. Essa é uma boa notícia. Mostra que o investimento é mais eficiente do que a gente imaginava.
O que é preciso para fazer o investimentos crescer mais?
Eu acho que desonerar, reduzir a carga tributária. O ato de investimento deveria ser totalmente desonerado, não deveria incidir nenhum imposto na aquisição de máquinas ou na construção civil de uma fábrica. O investimento deveria ser totalmente desonerado. E deveria se permitir um contrato de trabalho mais flexível, o que facilitaria muito a vida dos setores industriais intensivos em mão-de-obra.
O novo PIB de 2006 surpreendeu?
Para mim, sim, tudo está me surpreendendo. A gente tinha um cenário de uma economia que crescia 2,5% ao ano, desde os anos 80. Em quatro anos do governo Lula,. o crescimento foi de 2,7%. Agora, a gente soube que o crescimento foi de 3,3%. Isso muda toda a análise da economia brasileira.Qual sua previsão de crescimento para este ano?
Não vai ser muito diferente dos 3,7% do ano passado. Talvez um pouco menos, alguma coisa entre 3,5% e 4%, mais para 3,5%. Acho que a economia acelerou o ritmo nos últimos anos, mas agora está rodando em céu de brigadeiro. Já me parece uma excelente notícia, porque é quase um ponto porcentual acima do que vinha rodando desde os anos 80.
IRÃ, EM CRISE, RACIONA GASOLINA
ALBERTO TAMER
ESTADO DE SP
Confirmado. O Irã, que detém 10% das reservas mundiais de petróleo, já raciona gasolina. Mas não é só isso, está racionando e importando. Sim, no ano passado foram 25 mil barris por dia e neste, só não terá de importar mais porque enxugou o mercado. O abastecimento interno é precário e a frota de carros aumenta mais do que a oferta de gasolina. Isso confirma, mais uma vez, o que já demos nesta coluna,o Irã está vivendo uma crise petrolífera provocada, principalmente, pela sua insensata e imprudente política nuclear.
Quer enriquecer urânio ao nível que lhe permita produzir a bomba atômica, gerar energia elétrica, mas não alimenta motores. Mas, qual a relação entre os dois fatos?
INVESTIDORES SUMIRAM
Os investidores que vinham financiando o programa de ampliação e melhora do parque de refino, técnica e operacionalmente superado em pelo menos 30 anos, desde a tomada do poder por Khomeini, simplesmente sumiram. Mais grave, os mesmos investidores externos suspenderam ou estão retardando precavidamente as explorações das imensas reservas de gás situadas no Norte do país.Não há segurança. Ninguém sabe o que vai acontecer no país. Um gás hoje talvez tão importante para a matriz energética mundial do que o petróleo.Os iranianos têm a segunda maior reserva do mundo enterrada em áreas desertas. Compara-se apenas com as da Rússia, já em franca exploração, atendendo grande parte da demanda européia. Os russos foram comunistas, caminham tortuosamente para um capitalismo ainda distante, mas não são fanáticos. Não têm aiatolás por lá. São realistas, fornecem até para os Estados Unidos.
É chocante porque as reservas iranianas são de fácil acesso e baixo custo de exploração.
O IRÃ ESTÁ BLEFANDO
A afirmação é ousada? Mas eles não se dizem poderosos e auto-suficientes, não precisam de ninguém, desafiam o mundo ameçando-o com sua bomba? Pois vamos aos números oficiais divulgados agora e você, leitor, verá que estou sendo até cauteloso. (1) O Irã produziu 3,8 milhões de barris de petróleo por dia em 2006, quase 5% da oferta mundial, mas exportou apenas 2,5 milhões porque o consumo interno aumentou. A produção estagnou por causa da falta de investimentos na conservação dos campos e há anos não se abre outros. (2) Entre 2005 e 2006, com relação à produção, as exportações caíram de 80% para 6%. Consomem mais, exportam menos.São dados oficiais da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), fornecidos pelo governo iraniano. Não há aiatolá que possa negar.Mesmo assim, não há exagero em afirmar que o Irã está quebrando? Um número, também oficial, responde. As exportações de petróleo representam 85% de toda a receita nacional! Eles só têm petróleo e petróleo.E diante da insegurança no abastecimento e a aventura nuclear em que governo iraniano entrou agressivamente, posando como se tivesse força para chantagear o mundo. Ameaçando com uma maior redução das suas exportações, o bloqueio do Estreito de Hormuz, poucas centenas de quilômetros por onde passa mais de 60% do petróleo do Oriente Médio - inclusive o do Irã.
Com isso, jogaram o país num isolamento econômico e financeiro de tal ordem, que seus tradicionais clientes, no Leste Asiático, já estão fechando contratos com outros fornecedores, entre eles a vizinha Rússia que vem construindo, com a ajuda do capital externo, gasodutos e oleodutos.Resumindo, o Irã, com sua política desarticulada, criou para si mesmo uma situação em que irá se afundar ainda mais. Pouco lhe resta agora a fazer Para se livrar de um isolamento provocado pela sua retórica nuclear, está caminhando para um esvaziamento diante do aumento das sanções da ONU.A política caótica dos aiatolás - e sempre foi assim desde Khomieni - está levando o país a uma situação que poderá se tornar internamente insustentável a médio prazo, pois já se tornam públicas as manifestações de descontentamento.O único ponto que une ainda o povo iraniano ao governo, é o apego ao islamismo. Mas que islamismo? Certamente, não o do ódio que hoje se prega, não o do terror, que o governo patrocina no Iraque e na Palestina, mas um islamismo que permite à nova juventude ler Lolita e se rebelar. Um islamismo sem terror que possa conviver com o Ocidente, como Kuwait, Emirados, Catar e Bahrein, hoje fazem. E logo ali, a alguns quilômetros de Teerã. Eles estão dando um exemplo de que existe uma convivência possível entre o islamismo com toda a sua severidade pouco racional, com outras civilizações e religiões.
PERDENDO PESO
Concluindo, a manter o clima atual, o Irã estará sozinho no Oriente Médio. É um país islâmico, mas não árabe. Sem investidores, reduzindo sua receita de petróleo, pesando cada vez menos no abastecimento mundial, pode transformar-se de grande exportador em importador de combustíveis. Enquanto isso, vai continuar com sua revoluçãozinha sangrenta de seitas.Sabem, vou dizer um nonsense - e serei criticado por isso. Mas não fosse as questões humanitárias tão importantes, o Ocidente, se quisesse, poderia deixar que eles continuassem se matando entre si até cansarem. Afinal, não foi sempre assim? Quantas dezenas de milhares e xiitas Saddam Hussein não trucidou no seu longo reinado de terror?
BLOG DA CRISTIANA LÔBO

Otoni Fernandes fica com a publicidade
O jornalista Otoni Fernandes será o responsável pela publicidade de governo, informou hoje o novo ministro da Comunicação social, Franklin Martins. Os recursos do governo para publicidade podem chegar a R$ 1,5 bilhão - envolvendo aí empresas da administração indireta, bancos oficiais. A maior parte é destinada a campanhas de bancos como o Banco do Brasil e Caixa Econômica e também a Petrobras. comentários

Superávit fica onde está, diz Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou ha pouco, após a posse dos 5 novos ministros no Palácio do Planalto, que o governo pretende manter a meta de superávit em valores absolutos, de R$91 bilhões. O mesmo valor que consta da LDO que está no Congresso.
A decisão foi tomada pelo presidente Lula após estudos do ministério da Fazenda indicando que se fosse cumprir o percentual de 4,25% do PIB, o governo precisaria fazer um esforço adicional de economizar mais R$9 bilhões. Isso por que foi feita a revisão do PIB brasileiro, que com nova base de cálculo subiu quase 11% em 2005. Cristiana Lôbo
Nelson Machado entrega o Ministério da Previdência a Luiz Marinho nesta manhã e segue para o Ministério da Fazenda, onde vai ocupar a secretaria-executiva de Guido Mantega. Ele ocupou o mesmo cargo quando Mantega foi ministro do Planejamento.
Bernard Appy, que é hoje o secretário-executivo da Fazenda, será deslocado para outro posto na área econômica do governo. Cristiana Lôbo

Fritada de caranguejo que sela a paz
Acabou há pouco uma reunião da cúpula do PMDB na casa da senadora, e agora líder do governo no Congresso, Roseana Sarney. Todos comemoravam a unidade do partido que, desta vez, dizem eles, é para valer. Pode atravessar este mandato do presidente Lula e ser reproduzida na disputa eleitoral de 2010. Regada a vinho e a uma elogiadíssima fritada de caranguejo, a reunião do comando do PMDB serviu para comemorar, também, a entrada de Roseana no partido.
- Você devia ter vindo antes para o PMDB... Teríamos enfrentado menos problemas - disse o ministro Geddel Vieira Lima, entre uma e outra garfada de fritada de caranguejo e bobó de camarão, elogiando o desempenho da senadora com articuladora política, mas, destacando, também, a qualidade dos pratos servidos.
O jantar oferecido por Roseana foi uma prévia de outra reunião que o PMDB terá daqui a duas semanas com o presidente Lula. Neste, Lula foi aconselhado a não comparecer - deixar para o próximo que será com as bancadas na Câmara e Senado, e também governadores e prefeitos do PMDB. Na casa da senadora estiveram os ministros do partido - Reinhold Stephanes, Silas Rondeau, Geddel Vieira Lima, Hélio Costa (só não José Gomes Temporão, incluído à última hora na cota partidária; os líderes na Câmara, Henrique Alves, e no Senado, Waldir Raupp, o líder no Congresso, Romero Jucá e os senadores Renan Calheiros e José Sarney. Todos à volta do presidente do partido, Michel Temer. Há que se lembrar que Renan Calheiros e Sarney boicotaram a convenção do partido que elegeu Temer presidente por 82% dos votos. Agora, todos estão unidos. E sorridentes.- Só a perspectiva de estarmos unidos deu ao partido cinco ministérios - comentou o senador José Sarney que, imediatamente, obteve a concordância de Michel Temer. Há poucos dias, era inimaginável ver os dois na mesma mesa.
Sarney falou do passado, lembrou passagens do seu mandato de presidente da República, os peemdedebistas falaram de Ulysses Guimarães e, no final todos celebraram o novo momento do partido. O apoio a Lula, eles dizem, não é mais oportunista, só esperando o dia do fim. Deve durar mais do que um mandato, acredita Temer.Cristiana Lôbo

Não dá para acreditar...
Em meio a uma nova crise nos aeroportos que afeta a vida de milhares de passageiros e de uma discussão sobre o apagão aéreo, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou nesta quarta-feira, em caráter teminativo, proposta que institui uma nova taxa de aviação, no valor de até R$ 13,00.
Pela proposta, a taxa passará a ser cobrada a partir do ano que vem e tem o objetivo de subsidiar vôos para cidades de pequeno porte de todo o país. Por causa das mudanças em relação à proposta do Senado, que previa a cobrança apenas para algumas regiões, o texto terá ser apreciado novamente pelos senadores antes de ir à sanção.
Em lugar de resolver problemas dos milhares de passageiros que passam horas e horas em aeroportos, o Congresso acelera a votação de projeto sobre mais uma taxa de aviação...
É por essas e outras que se diz que o Congresso não está sintonizado com a opinião pública. Cristiana Lôbo

Câmara não pode fazer nada quanto à decisão do TSE

O presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, vai convocar uma reunião na próxima terça-feira (3) para discutir com os líderes a inclusão imediata da discussão da Reforma Política na pauta da Casa. A pressa de Chinaglia tem um motivo: questionado pela oposição, o TSE disse ontem que, a partir de agora, perderá o mandato aquele que mudar de partido depois da eleição.
Tão logo foi divulgada a resposta do TSE, Chinaglia pediu um parecer à assessoria jurídica da Casa. A resposta não foi positiva - cabe à Justiça, e não à Câmara dos Deputados, julgar o mérito da questão. E mais: a Câmara não tem competência constitucional para decretar perda de mandato nessa hispótese (troca de partido), uma vez que o Artigo da Constituição que trata das possibilidades de processo por perda de mandato não faz qualquer referência á infidelidde partidária.
A assessoria disse ainda que o parecer do TSE foi dado em resposta a uma consulta, e não produz efeito imediato. Além disso, os partidos que perderam parlamentares, devido ao troca-troca, devem encaminhar reclamação ao órgão competente, no caso, a Justiça. Cristiana Lôbo

Líderes governistas avaliam se é possível mudar lei sobre fidelidade partidária
Líderes dos partidos da base aliada estão trocando telefonemas e marcando para hoje ou amanhã uma reunião para decidir o que podem fazer para que deputados que tenham mudado de partido (todas as trocas foram em benefício de legendas aliadas ao Palácio do Planalto) não percam o mandato. Conforme a avaliação do TSE, em resposta a consulta do antigo PFL, pela qual o mandato pertence ao partido e não ao parlamentar. Por essa decisão, os deputados que trocaram de partido a partir da eleição de outubro podem perder o mandato ou teriam de voltar às legendas pelas quais foram eleitos.
A informação foi dada pelo líder do governo, deputado José Múcio Monteiro (PTB-PE). Ele disse que uma alternativa pode ser a aprovação de uma lei no Congresso que seja suficiente para o TSE mudar sua interpretação. Este foi o caminho que o Congresso anunciou que vai trilhar para que o TSE mude a fórmula de distribuição de recursos do fundo partidário entre as diversas legendas. Mas a nova lei ainda não foi aprovada.- Tudo o que mexe com muita gente é alterado rapidamente - disse ele, referindo-se a um provável interesse do Congresso em mudar a lei sobre fidelidade partidária.
Para José Múcio, a interpretação do TSE é inexequível porque ela obriga a que o parlamentar que queira mudar de partido fique sem mandato por quatro anos. É que a interpretação impede a troca de partido sem a perda do mandato.
Alterar esta interpretação será uma tarefa muito difícil na avaliação do deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL). Ele aponta duas razões: três ministros do Supremo Tribunal Federal já se manifestaram a favor desta interpretação, faltam apenas mais três votos para perfazer a maioria. A tentativa de mudança da lei seria difícil porque exige quorum qualificado de três quintos (308 votos na Câmara e 49 no Senado) e contraria a opinião pública.- É possível que alguém proponha uma lei que permita a troca de partido? - questionou Calheiros.
O troca-troca partidária é sempre estimulado pelo governo pois com novas adesões é que eles formam suas maiorias no Congresso. Cristiana Lôbo

Um lugar, dois cenários
O Auditório Petrônio Portella do Senado abrigou nesta quarta-feira duas festas. Pela manhã, do Democratas, o novo partido que é o sucedâneo do PFL, em sua primeira convenção para eleição do novo comando. À tarde, do PC do B, que completa 85 anos.
Na festa do Democratas, o auditório era grande para tantos engravatados do antigo PFL. Na do PC do B, muitos jovens, da Juventude Socialista, em roupas esportes e sempre gritando palavras de ordem do partido. O mais aplaudido, disparado, pelos jovens foi Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara.


CARLOS SARDENBERG
globo
GOL-NOVA VARIG, OUTRA OPINIÃO
No Jornal da Globo de ontem, comentei que a compra da Nova Varig pela Gol parecia uma boa solução de mercado.
Argumentei que a Nova Varig continuava com sua marca e sua estrutura seria reforçada, com mais aviões e linhas operadas. Ao contrário do que ocorre em fusões tradicionais, que sempre geram desemprego e redução de departamentos nas empresas reunidas.
Em termos gerais, o mercado fica com duas grandes companhias - Gol e Tam - mais ou menos empatadas e fortes concorrentes. Com algumas empresas regionais nas franjas do mercado, podendo crescer e morder os calcanhares das grandes.
Mas quero aqui chamar a atenção para uma outra opinião, de Sérgio Lazzarini, do Ibmec-S.Paulo. Está em O Globo de hoje, editoria de economia. Diz que a melhor solução, para o consumidor, teria sido a entrada de uma terceira empresa no setor, como a chilena Lan.
Esta empresa tinha planos de entrar no Brasil, mas não pode por causa das restrições ao capital estrangeiro. O que sugere uma discussão sobre essas restrições.

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DÓLAR TEM MENOR VALOR EM SEIS ANOS
RISCO-PAÍS VOLTA A CAIR
Moeda americana chega perto de R$ 2,05 e pode cair mais, segundo analistas. Risco-país volta a renovar a mínima histórica, aos 170 pontos.

Do G1, em São Paulo

Dólar: analistas dizem que a moeda americana pode chegar em breve a valer R$ 2 (Foto: Divulgação)
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O dólar chegou à menor cotação em seis anos nesta quinta-feira (29), com tendência de queda reforçada por conta do fluxo positivo em um dia de alta nas principais bolsas de valores - a Bovespa e as bolsas americanas operam em alta, embaladas pela revisão do crescimento da economia americana no último trimestre de 2006, que ficou acima do esperado.
Como normalmente ocorre quando a perspectiva para a economia mundial (e brasileira) melhora, o dólar opera em queda. Pouco antes das 12h20, a moeda norte-americana caía 0,82% e era vendida a R$ 2,052, menor cotação durante os negócios desde março de 2001.
Segundo analistas, a queda do dólar no dia é reflexo do cenário positivo nas bolsas de valores - e a desvalorização da moeda americana perante o real pode continuar. Recentemente, em visita ao Brasil, Jim O'Neil, analista do banco Goldman Sachs, disse que o fortalecimento da economia brasileira levaria necessariamente à valorização do real sobre o dólar. Segundo ele, não é improvável de que a moeda americana chegue a valer R$ 2 no curto prazo.
Risco-país
O risco da economia brasileira, calculado pelo banco de investimentos JP Morgan e que serve de termômetro para os investidores internacionais, voltou a renovar sua mínima histórica nesta quinta-feira (29), chegando a 170 pontos.
De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, a redução da impressão de risco da economia brasileira no exterior pode levar à concessão do "grau de investimento" ao país por entidades internacionais - isso quer dizer que o investimento no Brasil passará a ser recomendado como "opção segura".
O risco-país atingiu sua máxima cotação há quatro anos, na crise de confiança da economia em 2002, quando o Brasil precisou ser resgatado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) com um empréstimo de US$ 30 bilhões antes da eleição do presidente Lula - na época, o risco Brasil, calculado pelo JP Morgan, chegou a ultrapassar os 2 mil pontos.
(Com informações da Reuters e do Valor Online)

REPÓRTER INGLÊS DIZ QUE BRASILEIRA ESTÁ MUDANDO HISTÓRIA
Ana Luíse Ferreira apareceu na capa do tablóide "The Sun" ao lado do príncipe William. Brasileira reconhece a foto, mas nega declarações publicadas pelo jornal.

Dani Blaschkauer Do G1,

O jornalista inglês que escreveu a reportagem sobre Ana Laíse Ferreira ao lado do príncipe William no tablóide “The Sun” disse que a brasileira está alterando a sua história.
A pernambucana vendeu ao jornal a foto em que o príncipe aparece apalpando seu seio. Mas seu advogado diz agora que estuda processar o "The Sun" por ter supostamente alterado o conteúdo de suas afirmações.
Em resposta ao G1, por e-mail, Jamie Pyatt deu a sua opinião.
“Eu acho que você estão botando muita pressão e ela está mudando a história dela”, afirmou o jornalista, que disse ainda que a história “já foi há quatro dias”.
Ao ser questionado sobre se havia gravado a conversa, Pyatt deu risada e contou a sua versão.
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“Deixa eu entender direito... Ela liga para nós, mostra a foto ao lado do príncipe, nos diz que foi abraçada por ele, nos conta toda a história, pergunta sobre dinheiro, e agora fala em nos processar”, afirmou ele. “Ela nunca reclamou com a gente. Você deve estar brincando. Se ainda tivéssemos pegado a foto com outra pessoa ou sem ela ser entrevistada”, completa ele.
Confira abaixo uma das respostas, em inglês, que o jornalista deu ao G1.
"Not correct! Me thinks u guys are putting her under so much pressure she is changing her story to please you guys...............it was only a bit of fun, can't see why it is biggest thing in Brazil since sliced bread! Story was four days ago for God's sake........... "
Mercado Aberto –
DELFIM NETO
FOÇHA DE SP
Novo PIB prova que BC errou, diz Delfim

A revisão do PIB promovida pelo IBGE desmonta uma das principais teses defendidas pelo Banco Central, a de que o país não poderia crescer mais de 3%, senão haveria o risco da volta da inflação. O país não só cresceu a um ritmo mais acelerado, de 3,4% nos últimos quatro anos, como a ameaça da inflação não se confirmou.
A análise é de Delfim Netto, um dos maiores críticos da política monetária do Banco Central e também da tese de que o país tinha um limite para o crescimento, o chamado PIB potencial. Delfim sempre achou que essa tese carecia de argumentos científicos.
"A coisa mais importante que essa revisão do IBGE fez foi mostrar que o Brasil tem condições de crescer a um ritmo maior do que 3% sem produzir inflação", afirmou. "Espero que isso sirva como lição de humildade para aqueles que pensam que dominam a ciência chamada economia."Delfim acha que esse fato deveria fazer com que os votos de cada um dos diretores do BC nas reuniões do Copom sejam publicados 60 dias após a decisão dos juros. Para ele, seria a melhor forma de a sociedade saber se os diretores do BC sabem realmente o que estão fazendo."Ao mesmo tempo que eles [os diretores do BC] decidem o meu destino e o meu emprego, eu também tenho o direito de saber o que eles pensam", diz Delfim. "O que eles mostraram é que o conhecimento científico deles estava muito longe da realidade."
Delfim acha, no entanto, que o governo não deve se entusiasmar demais com essa revisão do PIB e relaxar na política fiscal. O Estado continua devendo tanto quanto antes. O grande risco, na sua opinião, é o setor público achar que o fato de a relação carga tributária/PIB ter caído para 34% do PIB dá direito ao governo de elevá-la, de novo, para 39% do PIB."É natural que o governo use esses dados para injetar um pouco de entusiasmo na economia, mas deve-se ter a compreensão de que o Brasil continua o mesmo, com os mesmos problemas de antes."
CEO da Electrolux "reconhece" país em tour mundial
Depois de quatro meses a frente do cargo de CEO mundial da divisão de eletroportáteis da Electrolux, o executivo dinamarquês Morten Falkenberg veio ao Brasil para uma viagem de reconhecimento. A visita faz parte de sua primeira "turnê mundial" pelos principais mercados da marca e termina hoje.Segundo ele, o país lidera a divisão da empresa na América Latina. "O Brasil conseguiu manter uma economia estável, o que é muito importante para termos perspectiva de crescimento."
Em 2006, a divisão cresceu 52% em volume e 83% em faturamento. "Vemos muito potencial principalmente na divisão de aspiradores de pó e de equipamentos como torradeiras", diz.
PARCERIAA partir de abril, a Vale do Rio Doce e a CST concluem obra para implantação de 2,5 km de correia transportadora e de pátio de estocagem para atender à operação do terceiro alto-forno da siderúrgica, que entrará em operação. A CST é cliente da Vale há 30 anos. A correia terá capacidade para transportar até 5 milhões de toneladas de pelotas por ano.
TIJOLOAs reformas de início de ano e o mercado imobiliário aqueceram as vendas no setor de material de construção. O segmento teve em fevereiro alta de 14% em relação ao mesmo mês de 2006, segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista que a Fecomercio SP divulga hoje. No acumulado do ano, a atividade cresceu 13,7% em relação ao ano anterior.
DESEMBARQUEO ex-ministro Roberto Rodrigues, presidente do conselho de agronegócio da Fiesp, viaja hoje para os Estados Unidos para encontros com autoridades do governo e congressistas. O objetivo é discutir temas como o etanol e a Rodada Doha. Também está previsto encontro com John Engler, presidente da NAM, a Fiesp americana. A viagem antecede a ida de Lula aos EUA, nesta semana.PÉ NO ACELERADOR
Na reunião de segunda para discutir a crise aérea, Lula informou Milton Zuanazzi (Anac) que a operação de compra da Varig pela Gol estava na reta final. Pediu pressa na aprovação.
REFORÇOA nova Varig, agora sob comando da Gol, tem quase garantida a aquisição de seis Boeing-777 para vôos internacionais. Os próximos destinos devem ser NY, Miami, Londres e Paris.
CONFIRMADOSHenrique Meirelles (BC) e Aloizio Mercadante (PT-SP) confirmaram presença na sexta edição do Fórum Empresarial, de 19 a 22 de abril, em Comandatuba (Bahia).

MIRIAM LEITÃO
GLOBO
Visão global
"O mundo é mais que os Estados Unidos", lembrou o suíço Klaus Wellershoff, membro do board mundial do UBS, que desfilou números convincentes: "Os EUA responderam por apenas 24% do crescimento mundial de 2006; atrás da Europa, com 28%; e da Ásia, com 31%. Foram os terceiros." O economista está no Brasil por uns dias e me concedeu ontem uma entrevista.
Com esse argumento, Wellershoff, responsável global de pesquisa para a gestão de fortunas, quis espantar o temor de uma recessão global devido à queda da economia americana. Ele acha que os Estados Unidos não estão entrando em recessão, mas apenas reduzindo o ritmo de crescimento, o que será mitigado com a queda dos juros, em breve, para 5%.
A retomada econômica da Europa fez com que, desde o segundo trimestre do ano passado, o ritmo de crescimento europeu fosse maior que o dos EUA.
- A Alemanha voltou a ser o maior exportador mundial - disse.
O economista acha que o mundo vai enfrentar problemas e que acumulou tensões e desequilíbrios; mas não há um choque global no horizonte. Por outro lado, admite, com base num relatório lançado pelo banco sobre mudança climática, que o clima cria desafios permanentes e vai mudar nossas vidas.
- A energia tem sérios limites. Haverá mudanças grandes nos preços da energia. E isso afetará todos os setores da economia.
Ele teme que o mundo não mude rápido o bastante:
- É difícil mudar por algo que não está nos afetando agora. Nós podemos reagir tarde ou tarde demais.
A energia que Wellershoff usa na casa dele é geotérmica; extraída do calor da terra. Ele contou que 70% das casas suíças usam essa fonte de energia. É a mesma dos vulcões e das fontes termais. Nas previsões do UBS, o uso das energias renováveis vai multiplicar por seis até 2030, mas o economista não parece entusiasmado com o etanol. Em relação à energia nuclear, acha que vai diminuir seu uso, e não aumentar. Isso porque leva muito tempo entre planejar, convencer a sociedade e construir novas usinas. E algumas em uso hoje terão que ser desativadas.
Perguntei a ele sobre o custo ambiental do crescimento da China, país que tem um governo ditatorial que toma decisões sem a pressão da sociedade.
- Quando comparo com a forte democracia americana, não acho que os EUA estejam sendo mais eficientes que a China em lidar com os limites do meio ambiente.
Argumentei que isso era verdade em relação ao governo central, mas os estados, as cidades estão mudando seu comportamento.
- Eu vejo os números nacionais. Os americanos consomem 12.000 watts por segundo; os europeus, de 5 mil a 6 mil; a China, 2.000; e a África, de 500 a 600 watts por segundo. A qualidade de vida na Europa e nos Estados Unidos é mais ou menos a mesma, e os americanos consomem o dobro.
Apesar disso, mostrou outro tipo de preocupação com os regimes de governo. Wellershoff tinha dito que o mundo passará por um período de governos mais à esquerda. Perguntei se o comportamento de um certo tipo de esquerda na América Latina, como a representada por Hugo Chávez, que rompe contratos, revoga leis, não afastaria os investidores da região. Ele deu uma resposta longa e em etapas que revela o quanto o conhecimento sobre a região se aprofundou na avaliação dos analistas internacionais.
- Primeiro, é uma injustiça com a esquerda democrática compará-la a Hugo Chávez. Segundo, há, sim, uma preocupação, na conjuntura atual, pelo fato de que governos autocráticos estão ficando mais fortes; é o caso de Venezuela, Rússia, Irã, China. Eles estão se fortalecendo pelo crescimento ou alta dos preços da energia. O terceiro ponto é que, para nós, não existe exatamente América Latina; existe Brasil, que é diferente da Argentina, que é diferente da Venezuela.
O economista tem uma visão positiva em relação ao Brasil. Ela vem da comparação feita com outros países que têm problemas piores - ele citou a Turquia - e da comparação com o próprio passado do Brasil. Acha que o país está bem, e brincou:
- Vocês conseguiram até aumentar o PIB em 10% da noite para o dia!
Fiz duas perguntas na área dele: Europa. Uma é como o continente vai lidar com a dificuldade de integração dos migrantes muçulmanos.
Wellershoff disse que os migrantes, em si, não são problema algum, "querem viver, trabalhar, se divertir". O que pode ser um foco de tensão são os líderes religiosos fundamentalistas se estabelecendo em países como Alemanha e financiados basicamente por muçulmanos fundamentalistas turcos. Quis saber sobre como os europeus vão lidar com o envelhecimento da população e o custo da aposentadoria.
- Não é um problema tão grande quanto parece. Na Alemanha, nos últimos anos, houve um aumento de horas trabalhadas sem aumento do salário. As pessoas vão trabalhar mais e ganhar menos quando se aposentarem.
Sobre o risco de redução da população européia, disse que já fez a parte dele:
- Tive quatro filhos.
Quando perguntei qual era seu maior medo, brincou:
- Não pergunte a um economista sobre riscos!
E passou a falar do déficit da conta corrente americana às armas nucleares do Irã, e a previsão de que, no futuro, as economias da China e da Índia vão superar, em tamanho, a americana:
- Isso nunca aconteceu no mundo sem conflito

CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE S. PAULO
A PERGUNTA QUE FALTA A LULA
Pergunta de uma cidadã espanhola ao presidente do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, em programa de TV na noite de anteontem: "Não entendo como um presidente de governo é capaz de sentar-se com assassinos para dialogar". É referência ao diálogo entre o governo Zapatero e o grupo terrorista basco ETA.
Quando é que, no Brasil, a cultura política de governantes e governados permitirá pergunta do gênero, em horário nobre, em um dos principais canais de TV, a grande fonte de informação do público?
Pergunta que cabe neste exato momento, ressalvadas as diferenças entre terror e corrupção.
Afinal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só dialoga como acaricia freqüentemente um grupo que seu procurador-geral acusou de formar "quadrilha". Acusação reforçada, se necessário fosse, agora que a Polícia Federal emite laudo em que fica comprovado que o dinheiro do "valerioduto" saiu dos cofres públicos, ou, mais exatamente, de um banco público (Banco do Brasil). Todo mundo já sabia que só poderia ter sido essa a origem, posto que é inimaginável que Marcos Valério fosse um mecenas a bancar os trambiques de deputados do PT e da base aliada. Mas agora, ao elementar bom senso, soma-se uma perícia técnica.
Não adianta fingir que Marcos Valério é o único "quadrilheiro" nessa história. Toda a cúpula do PT de então (o presidente José Genoino, o secretário-geral Sílvio Pereira, o tesoureiro Delúbio Soares, para não mencionar José Dirceu, punido precisamente por essa história) participou do esquema.
Caberia, portanto, repetir a Lula a pergunta da espanhola a Zapatero, trocando poucas palavras: "Não entendo como um presidente de governo é capaz de sentar-se com trambiqueiros para dialogar (e, pior, governar)".
SÔNIA RACY –
ESTADO DE SP
SANTANDER BRIGA PELO DIREITO DE IR-E-VIR DE SEUS EX-CORRENTISTAS
A briga é de gigantes. Banco Santander contra o Estado de São Paulo e também contra o Conselho Monetário Nacional (CMN). Tudo por causa das contas do funcionalismo público estadual, transferidas para a Nossa Caixa em 1º de janeiro, cumprindo regras da privatização do Banespa, comprado pelo banco espanhol. O Santander já conseguiu parecer favorável de Carlos Ari Sunfeld e impetrou mandado de segurança no STJ contra a recente resolução do CMN que postergou, até 2011, a aplicação ao funcionalismo público do direito à conta salário, o que permitiria ao funcionário, sem a cobrança de tarifas, transferir o pagamento recebido para outro banco. Isto breca o movimento do Santander de trazer as contas de volta, coisa que já vinha acontecendo.
E mais. O advogado do Banco Santander, Manuel Alceu Affonso Ferreira, aguarda apenas os documentos oficiais sobre o agora noticiado contrato entre a Nossa Caixa e o Estado de São Paulo para adotar novas medidas judiciais. Novas medidas judiciais? Exatamente. Affonso Ferreira explica que, já na gestão Cláudio Lembo, o Estado havia editado um decreto dando à Nossa Caixa a exclusividade do pagamento do funcionalismo estadual, ativo e aposentado. "O Santander ingressou em juízo com ação ordinária para anular esse decreto e obrigar o Estado a promover concorrência para a gestão dessa folha de pagamento, alegando que aquela "exclusividade" não poderia ser conferida à Nossa Caixa, sociedade de economia mista, sem prévia licitação.
Nessa ação, explica o advogado, o Santander, que até o ano passado detinha, por acordo, as contas do funcionalismo público estadual, pediu uma "liminar" (tutela antecipada) para que, até a realização da concorrência, fosse permitido aos funcionários, como constava de anterior decreto do próprio governo paulista, optar pela instituição pagadora.
O juiz de primeira instância negou a liminar. "Aí o banco recorreu e o Tribunal de Justiça, por 2 votos a 1, manteve o indeferimento, do que o Santander também já recorreu. Ou seja, nessa ação, e por enquanto, ainda se está discutindo a questão liminar, sem decisão final de mérito.
IMPRESSÃO DIGITAL
Paulo Skaf, presidente da Fiesp, trocou, nas últimas duas semanas, vários telefonemas com o presidente do Peru, Alan Garcia, numa preparação para a ida de uma missão ao país vizinho, em junho. Também com esse objetivo, embarcam para lá, na próxima semana, os diretores do Departamento de Comércio Exterior e Relações Internacionais, Roberto Giannetti da Fonseca e Thomaz Zanotto.
O objetivo do que Skaf gosta de chamar de "Diplomacia Empresarial" da Fiesp é abrir mercado para alguns setores brasileiros, como mineração, metalurgia, agricultura, alimentos em geral, equipamentos agrícolas e construção civil.
NA FRENTE
NA BICA
O Grupo Pão de Açúcar está prestes a comprar a rede de hipermercados do grupo gaúcho Zaffari.
O negócio está quase acertado e o Pão de Açúcar já definiu que não pretende manter o Shopping Bourbon, que está sendo construído em São Paulo: deve ser transformado em hipermercado diferenciado.
UP
Ao concluir sua primeira fase de investimentos, em dezembro de 2006, o Programa BB Armazenagem contabilizou R$ 620 milhões em mais de 3.700 operações contratadas no País.
Um aumento de 6,5 milhões de toneladas no volume de capacidade estática de armazenagem brasileira de grãos.
SURPRESA
Que o PIB de 2006 seria revisado para cima ninguém duvidava.
A grande surpresa, segundo 11 entre 10 empresários, foi a revisão para baixo do PIB da indústria no ano passado.
SURPRESA 2
O INA, da Fiesp, deve trazer hoje pelo menos uma boa notícia.
O setor de máquinas e equipamentos melhorou, o que merece um estudo mais aprofundado.
TRIBUTAÇÃO
Carlos Ferreirinha e a GFK Indicator apresentam o resultado da primeira pesquisa brasileira sobre o mercado do luxo, segunda-feira, em evento fechadíssimo, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
A idéia dos organizadores é criar no evento uma comissão que leve ao governo federal dados sobre o potencial do segmento, de forma a obter vantagens tarifárias.
TURBULÊNCIAS
Ontem, em discurso em que não faltaram cutucadas em seu antecessor, Ben Bernanke, do Fed, repôs o tema inflação na lista de preocupações dos mercados.
Foi a deixa para que uma onda de mau humor se espalhasse pelo mundo, agravada pelos dados de encomendas de bens duráveis de fevereiro que subiram menos que o esperado.
DOWN
A Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista, que a Fecomércio-SP divulga hoje, aponta: o mês de fevereiro não foi bom para o setor de autopeças e acessórios.
O segmento registrou no período queda de quase 32% das vendas, em comparação a fevereiro de 2006.
ONLINE
A BM&F promove hoje Assembléia-Geral para fazer mudanças estatutárias. Abr indo definitivamente caminho para a desmutualização.