segunda-feira, 2 de abril de 2007

2 DE ABRIL SEGUNDA FEIRA

THE NEW YORK TIMES
APÓS VISITA RECENTE, BUSH SE REÚNE COM LÍDER BRASILEIRO
WASHINGTON - O presidente Bush continuou seu novo galanteio da América Latina em terras domésticas no sábado, encontrando-se e jantando com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em seu retiro presidencial em Camp David.
Durante seu segundo encontro do mês, Bush e Lula conversaram a respeito do estagnado round de negociações comerciais em Doha e seu recém-assinado acordo de cooperação pelo desenvolvimento e produção de etanol.
Porém, os dois presidentes não anunciaram novos progressos.
Discursando durante uma coletiva de imprensa conjunta, Bush disse estar disposto a reduzir subsídios de agricultura de "maneira substancial", uma declaração que certamente chamará a atenção dos lobistas agriculturais e seus apoiadores congressionais, porém longe de convencer seus céticos parceiros europeus.
Bush repetiu as exigências americanas de maior acesso aos mercados estrangeiros. As nações em desenvolvimento resistiram à tais demandas sem maiores subsídios e reduções de tarifas oferecidas pelo presidente americano.
Já Lula repetiu seu pedido pelo fim das tarifas americanas sobre o etanol produzido no Brasil, algo que Bush declara ser comandado pelo Congresso e portanto, fora de seu alcance.
Porém, o claro propósito do encontro foi mostrar uma aliança após a visita de Bush à São Paulo três semanas atrás, como parte de uma viagem com a óbvia intenção de combater a grande influência anti-americana na região do presidente venezuelano Hugo Chávez.
- Jim Rutenberg

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AGÊNCIA BRASIL

EM REUNIÃO MINISTERIAL, LULA REFORÇA QUE GOVERNO É DE COALIZÃO, DIZ FRANKLIN MARTINS
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou hoje (2) na primeira reunião com os novos ministros, no Palácio do Planalto, que seria “saudável” na composição das equipes levar em conta que este é um governo de coalizão.
A informação é do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, que participou do encontro. Segundo ele, Lula ponderou aos ministros que eles não estão obrigados a indicar apenas pessoas de seus partidos para cargos.
O presidente pediu, ainda, que os ministros não se criticassem publicamente e que tomassem cuidado ao fazer declarações que possam afetar a política externa do país. De acordo com Franklin, Lula também lembrou que não existe política de ministros, mas de governo.
Além de Franklin, estiveram presentes à reunião os novos ministros da Saúde, José Gomes Temporão; da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima; da Agricultura, Reinhold Stephanes; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e Exterior, Miguel Jorge; do Trabalho, Carlos Lupi; e do Turismo, Marta Suplicy.
Wlafrido Mares Guia, que saiu do Turismo para a Secretaria de Relações Institucionais; Luiz Marinho, que assumiu a Previdência no lugar do Ministério do Trabalho e Emprego; Tarso Genro, que ocupa a pasta da Justiça no lugar da Secretaria de Relações Institucionais; e Alfredo Nascimento, que retornou ao Ministério dos Transportes, também participaram. Além deles, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo.
A ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) está representando o país no Senegal. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, também não participou, pois retorna hoje do período de licença

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CÁOS AÉREO

A HISTÓRIA DOS CONTROLADORES DE VÔO
A espera da medida provisória que vai desmilitarizar o comando do controle de tráfego aéreo no país, conforme o acordo com o governo, controladores de vôo ainda se mostram surpresos com a repercussão do movimento deles na sexta-feira e, principalmente, e com a vitória obtida "de uma hora para a outra". O presidente da Associação dos Controladores de Vôo, José Ulisses Fontenelle, em visita à Câmara nesta tarde, disse que não houve uma articulação prévia para se chegar à paralisação dos trabalhos, mas que os fatos foram acontecendo "e, de repente, todos pararam".Muito falante, Ulisses disse que desde a quinta-feira passada o Comando da Aeronáutica sabia da insatisfação dos controladores de vôo e da ameaça de aquartelamento e greve de fome. na sexta-feira. Segundo ele, não havia previsão de uma paralisação geral. Uma nota foi enviada ao Comando da Aeronáutica, mas não teria sido devidamente considerada porque não havia registro do remetente. Na sexta-feira, pela manhã, os militares controladores de vôo compareceram à cerimônia pelo Dia do Metrologista, na Base Aérea. Mas, em greve de fome, se recusaram a participar do churrasco comemorativo. A equipe, então se trancou na sala de reuniões do Cindacta e lá permaneceu, mesmo depois do horário de trabalho. O chefe do Cindacta, coronel Aquino, então, chamou-os e, como ninguém o atendeu, segundo Ulisses Fontenelle, ele convocou os quatro mais antigos - uma praxe na área militar para se comunicar uma punição - para uma conversa por volta das 17 horas. Àquela altura, a manifetação deles era silenciosa, uma greve de fome dentro de um prédio da Aeronáutica. Em resposta à convocação de Aquino, um dos sargentos, então, teria dito que se era para conversar com os mais antigos que o comando falasse com todos.
Aquino saiu para fazer o relato da situação ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que ordenou a punição dos 18 controladores de vôo da equipe de trabalho daquele momento. Quando o coronel chegou para cumprir a ordem superior, um dos sargentos teria dito, ainda segundo o relato de José Ulisses, que todos deveriam ser punidos - e não somente a equipe da tarde, e sim todo o efeitivo que soma 200 controladores. Aquino ainda ameaçou convocar a equipe de Defesa Aérea, mas constatou que o número de controladores não era suficiente sequer par formar uma equipe para um turno de trabalho.
Juniti Saito, neste momento, comunicou ao Palácio do Planalto da dificuldade e da crise que se instalava, quando, então, recebeu a ordem do presidente Lula para negociar com os grevistas.
A partir daí, os controladores de vôo passaram a contabilizar a vitória sobre seus comandantes. Agora aguardam a proposta de desmilitarização como o primeiro passo de atendimento à suas reivindicações que incluem, ainda, gratificação e reajuste salarial. E, ainda, curso de inglês, uma vez que os controladores brasileiros de vôo não falam inglês, apenas têm o domínio dos jargões da aviação.
Cristiana Lôbo comentários

LULA CHAMA COMANDANTES MILITARES PARA UMA CONVERSAO presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai receber hoje, para uma conversa, os comandantes da Aeronáutica, Exército e Marinha.
Isso devido à grande insatisfação das Forças Armadas sobre como foi resolvido o impasse entre controladores e governo.
Lula desautorizou o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que queria prender alguns controladores grevistas na sexta-feira à noite.
A conversa, que ainda não tem hora marcada, servirá para acalmar os ânimos dos militares. Cristiana Lôbo

OFICIAIS SE AFASTAM DO CONTROLE DE VÔO DO PAÍS
A primeira conseqüência do acordo do governo com os controladores de vôo é que todos os oficiais militares deixaram seus postos de comando do trafego aéreo nos Cindactas de todo o país.
O controle do trafego aéreo, agora, está sendo feito pelos próprios controladores de vôo – a maior parte deles sargentos da Aeronáutica. Os oficiais alegam que não têm ambiente para chefiá-los após a rebelião. Eles trocaram telefonemas e tomaram a decisão em conjunto numa reação ao que consideram quebra da hierarquia militar.
Oficiais das três forças têm manifestado apoio ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que teria sido desautorizado pela decisão do presidente Lula, de abrir negociação com os controladores de vôo na noite da última sexta-feira (30).
Saito havia determinado a prisão de 18 controladores militares que se rebelaram. Em conversas reservadas, os oficiais têm dito que estão unidos e coesos com Juniti Saito.
Cristiana Lobo

LULA ESTÁ REUNIDO COM WALDIR PIRES E JUNITI SAITOO presidente Lula está reunido neste momento com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito. Este é o primeiro encontro do presidente com os responsáveis pela área do tráfego aéreo depois da crise do último fim de semana que culminou com uma negociação com os controladores de vôo que obtiveram a promessa de atendimento às suas reivindicações - a principal delas, a desmilitarização do comando do setor. Esta reunião é uma preliminar de outra que deve acontecer na tarde desta segunda-feira quando, então, o presidente deve conhecer o teor da minuta de Medida Provisória sobre a criação de um órgão civil para comandar o tráfego aéreo no país.
Com isso, a reunião ministerial marcada para as 9 horas está atrasada. Será a primeira reunião ministerial do segundo mandato do presidente Lula. Na equipe estão apenas oito ministros novos - os demais vêm do primeiro mandato ou foram remanejados de postos.
Cristiana Lobo

COMEÇAR DO ZERO
Para resolver a crise no setor aéreo, o governo precisa de tomar muitas providências além de "desmilitarizar" o setor do controle do tráfego aéreo. Em cada área, há um problema.
Para se ter uma idéia, os recursos da área de manutenção de equipamentos em aeroportos são, quase seguidamente, contingenciados. Há casos em que num ano todo, o governo não gasta 10% do previsto no orçamento. Equipamentos estão obsoletos; outros, estragados, mesmo.
Para se ter uma idéia, os recursos da taxa de embarque em vôos internacionais que é de 36 dólares, não entram diretamente no sistema de transporte aéreo. A metade disso, o correspondente a 18 dólares, vai para o Tesouro.E mais: já que o governo pretende criar um novo órgão, civil, para controlar o tráfego aéreo, é bom ficar de olho para não se transformar em cargos disponíveis para negociação política. Por incrível que pareça, a Anac - Agência Nacional de Aviação Civil - entrou na roda dos políticos. A diretoria é composta também de aliados políticos.

ASSIM NÃO DÁ!

FORÇA AO COMANDANTE SAITOAo contrário do que se pode imaginar, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, se fortaleceu nesta crise aérea, segundo auxiliares do presidente Lula.- Só cumprir a lei é muito fácil; o difícil é enfrentar as dificuldades - disse um assessor do Planalto.
Juniti Saito teria comunicado ao Palácio do Planalto da movimentação dos controladores de vôo e quando chamado para uma reunião com o chefe de Gabinete Institucional, Jorge Féliz, do Chefe de Gabinete da presidência, Gilberto Carvalho e do ministro Franklin Martins, avisou sua recomendação era negociar com os grevistas. De modo, até a rever punições - uma vez que se divulgava a prisão de 18 controladores de vôo que eram militares.
O presidente Lula avalisou a orientação de Saito. Cristiana Lôbo

LULA PODE IR A SÃO PAULO
Se a situação do tráfego aéreo estiver completamente equacionada amanhã, o presidente Lula poderá voltar dos Estados Unidos diretamente para São Paulo e só chegar a Brasília à noite. O objetivo é visitar a mulher, Marisa Letícia, que está em São Bernardo acompanhando as obras de reforma do apartamento do casal. Cristiana Lôbo

SOBE E DESCE
O ministro Paulo Bernardo ficou mais forte no governo depois que foi o interlocutor do governo na negociação com os controladores de vôo que estavam em greve - o que provocou caos nos aeroportos brasileiros. Por duas razões: primeiro, estava em Brasília na hora de uma grande necessidade; em segundo, porque entendia do assunto (o pagamento de gratificações estava a cargo do Planejamento) e conseguiu uma boa solução da ótica do presidente Lula.
Bernardo era o homem certo no lugar certo.
Não se pode dizer o mesmo de Waldir Pires, que estava fora de Brasília, no Rio de Janeiro. Mas, segundo um importante assessor, Lula não quer tomar a iniciativa de mudar o comando do Ministério da Defesa no meio dessa crise.l Cristiana Lôbo


CONTROLE DE VÔO DEVE FICAR COM A DEFESA OU INFRAERO
O primeiro passo do processo de desmilitarização do controle do tráfego aéreo no país deve ser dado já no começo da semana que vem com a transferência do comando do setor para o Ministério da Defesa, que tem como titular um civil, ou para a Infraero. A idéia é criar um órgão civil com a tarefa de cuidar do controle do tráfego aéreo brasileiro.
Hoje, o controle do tráfego aéreo está sob comando militar no Brasil, feito pela Aeronáutica, que também é responsável pelo controle do espaço aéreo. Este foi um dos ítens da negociação entre o governo e os controladores de vôo, concluída na madrugada deste sábado.
Será apresentada ao presidente Lula, na volta de sua viagem aos Estados Unidos, uma minuta de Medida Provisória propondo a transferência do tráfego aéreo para o comando civil, uma vez que a situação requer urgência. Quem irá decidir o formato final da proposta e se realmente será uma MP é o presidente.
O comando da Aeronáutica deve divulgar daqui a pouco uma nota em que indica apoio ao processo de desmilitarização do comando do controle do tráfego aéreo no país, compromisso assumido no processo de negociação com os controladores de vôo.
A negociação entre governo e os controladores de vôo aconteceu depois de um aquartelamento voluntário de controladores de vôo, muitos sargentos da Aeronáutica, que entre outras reivindicações como aumento de salários, gratificações e fim de punições pediam, também, a desmilitarização do controle de tráfego aéreo no país.
O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, chegou a citar o modelo norte-americano, onde o tráfego áereo tem controle civil. Há uma idéia em estudo para que o controle do espaço aéreo continue sob o comando militar, mas o tráfego fique sob comando civil. Na negociação, o governo também se dispôs a tratar de gratificações e reajustes nos salários dos controladores de vôo. A conversa entre o ministro Paulo Bernardo e os controladores de vôo demorou mais de duas horas.
- Vamos colocar a bola no chão, negociar porque o país todo está olhando para nós e quer uma solução, e não ver uma briga nossa - disse o ministro aos controladores de vôo, na reunião que se estendeu até o início da madrugada deste sábado.
Na conversa, ele disse que o governo estava disposto a negociar as reivindicações deles, mas queria, em contrapartida, que eles voltassem imediatamente ao trabalho.
-Vocês têm de confiar em nós, como nós confiamos em vocês - disse.
Foi por orientação do presidente Lula, dos Estados Unidos, que Paulo Bernardo foi negociar com os controladores. Ele estava acompanhado de uma assessora da Casa Civil, Erenice Guerra, e de um assessor do Ministério do Planejamento. Na mesma conversa, o presidente determinou que ficassem de fora das conversas o ministro Waldir Pires e o comandante da Aeronática Juniti Saito. Saito havia determinado, horas antes, a prisão de 18 controladores que estavam em greve.
Na conversa por telefone, o presidente Lula disse que era preciso retomar a negociação porque não havia um chamado "Plano B" - ou seja, se os controladores fossem punidos, o governo não conseguiria fazer o sistema de controle do tráfego aéreo funcionar porque não havia controladores de vôo para executar o serviço. O mesmo ponderava o brigadeiro Saito - que não havia um plano para caso de emergência. Mas, como militar, por questão de hierarquia, era obrigado a punir os militares insubordinados.Na reunião com os controladores, o ministro e assessores do governo ouviram críticas ácidas e até "alguns insolentes", como disse um dos presentes à reunião, que reclamavam da demora do governo em resolver o problema da categoria.
- É um absurdo! Já tem seis meses e ninguém toma providências - disse um deles ao ministro Paulo Bernardo. Cristiana Lôbo

CAOS NO CAOS
Este é um fim de semana que promete. Promete muito aborrecimento para quem vai viajar de avião. Em Brasília, neste momento, há um ensaio de paralisia completa do aeroporto. Há meia hora, aviões não decolam nem aterrissam.A entrevista do ministro Waldir Pires, nesta tarde, foi mais retórica e não apontou para qualquer solução. Ele até insistiu que problemas dessa natureza não se resolvem da noite para o dia. Ou seja, não há qualquer sinal indicando solução.
O governo editou uma medida provisória tratando da contratação de cem controladores de vôo - "aqui e no exterior", conforme um ministro.
O problema se agrava e o governo engatinha na busca da solução.
Cristiana Lôbo

PT JÁ PENSA NA CPI
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, disse que só vai mandar instalar a CPI do Apagão Aéreo depois que o Supremo Tribunal Federal determinar, mas o PT já dá isso como certo e avalia a estratégia a ser adotada. Para um importante petista, a CPI deverá ser instalada em abril ou maio.Os petistas de comando já discutem internamente como devem proceder na distribuição dos cargos da CPI. Para um grupo, a base aliada, que terá direito a 12 das 24 vagas da Comissão, deve ficar com o relator, mas deixar para um dos proponentes da CPI o cargo de presidente - Wanderlei Macris (PSDB-SP) ou Otávio Leite (PSDB-RJ), seguindo a tradição da Câmara. Mas um outro grupo, do qual faz parte o ex-ministro Antonio Palocci, o governo deve fazer valer sua maioria e indicar o presidente e o relator. Sem choro para a oposição.
A relatoria deve ficar com um nome da base, mais precisamente, do PT e de confiança do partido. O escolhido pelo líder da bancada Luís Sérgio é Cândido Vacarezza - um dos mais ligados à ministra Marta Suplicy e também do grupo de José Dirceu.
Cristiana Lôbo


MP Militar vai investigar greve dos controladores
Para procurador, houve quebra de hierarquia.Controladores podem responder criminalmente à Justiça Militar.
Do G1, em Brasília
O procurador da Justiça Militar, Giovanni Rattacaso, vai requisitar na tarde desta segunda-feira (2) abertura de inquérito para identificar os controladores que paralisaram o tráfego aéreo na sexta-feira (30). Segundo Rattacaso, houve quebra de hierarquia e do código militar. Se os controladores forem denunciados, vão responder criminalmente à Justiça Militar.
O prazo para a investigação é de 40 dias. O documento, que deve ser assinado pelos quatro integrantes do Ministério Público Militar (MPM), será entregue ao comandante do Cindacta, que designará um oficial para investigação.
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O procurador avalia que a ação do Ministério Público Militar não fere o acordo fechado entre o governo e os controladores, que garantiu a retomada dos serviços em troca da garantia de que nenhum grevista será punido pelo Comando da Aeronáutica.
"O Ministério Público é movido pelo princípio da obrigatoriedade. Se houve alguma infração, o Ministério Público é obrigado a pedir a investigação. Para mim, ficou caracterizado o movimento grevista e, como foi em grupo, pode indicar motim", afirmou Giovanni Rattacaso, argumentando que o MPM é um órgão independente das Forças Armadas.
Sem comando
Os oficiais militares responsáveis pelo comando dos Centros de Controle do Trafego Aéreo (Cindacta) de todo o país já deixaram suas funções. Eles se sentiram desautorizados pela decisão do governo de negociar com os controladores de vôo, que estão, agora, no comando do tráfego aéreo.
O presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José Carlos Pereira, porém, afirmou que não houve quebra de hierarquia em relação à determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não punir os controladores de vôo.
Encontro
Nesta segunda-feira, em Brasília, o presidente Lula criticou a greve da categoria. Lula convocou o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito. Este foi o primeiro encontro de Lula com o chefe da Força Aérea depois da paralisação dos controladores de vôo ocorrida na sexta-feira.
Na ocasião, o presidente desautorizou a prisão dos militares grevistas, mas no programa de radio "Café com o Presidente" que foi ao ar pela manhã, Lula criticou a paralisação. "Eu acho muito grave o que aconteceu, acho grave e acho irresponsabilidade pessoas que têm funções que são consideradas essenciais e funções delicadas, porque estão lidando com milhares de passageiros que estão sobrevoando o território nacional."
'Não há porteira fechada', diz Lula a ministros
Segundo Franklin Martins, formação do segundo escalão deve levar em conta coalizão.Ministro da Comunicação Social, ele fez o relato da reunião de Lula com a nova equipe.
Tiago Pariz Do G1
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (2) que a composição dos segundo e terceiro escalões do governo federal devem levar em conta a coalizão de partidos que o apóiam.
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O comentário foi feito na primeira reunião ministerial do segundo mandato que serviu para apresentar os novos integrantes da equipe, segundo relatou o ministro da Secretaria da Comunicação Social, Franklin Martins.
“Um ministro não está obrigado a colocar só gente do partido na pasta. Ele tem que levar em conta que é um governo de coalizão. Ou seja, não tem porteira fechada”, disse Martins, ao reproduzir a fala inicial do presidente na reunião.
A fala de Lula coincide com a opinião do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). O PT é o partido que mais teria a perder se fosse adotada a política da "porteira fechada".
Em entrevista publicada nesta segunda no site do partido, Berzoini defendeu para as nomeações nos ministérios "um critério de combinação de compromisso com o governo, competência técnica e total compromisso com a ética e com a administração correta. Com esses três compromissos, dá para defender qualquer partido em qualquer lugar".
"Não faz sentido, numa área X, um ótimo quadro do PMDB não participar porque o ministério é do PR. Ou numa área Y, uma pessoa que não tem filiação partidária nenhuma não poder participar da gestão porque o ministério é do partido A ou B", declarou Berzoini.
"Solidariedade interna"
Na reunião com os ministros, Lula também fez um alerta, segundo Franklin Martins: “Não existe política de ministro. Boas ou más, as políticas são de governo. E ministro não critica ministro publicamente. O governo se move com solidariedade interna”, acrescentou.
De acordo com o ministro, o presidente fez um comentário genérico sobre supostas criticas à política externa.

“Ele pediu que tomem cuidado com críticas que afetem a política externa. Quem faz política externa é o Itamaraty.”
Entre os ministros que fizeram críticas a outros países está Hélio Costa (Comunicações). Ele criticou a televisão estatal da Venezuela, referindo-se ao presidente Hugo Chávez. Isso provocou a reação do embaixador daquele país no Brasil.
Crise aérea
Martins enfatizou que durante a reunião não se discutiu o tema da crise aérea. O presidente apenas disse que a situação é "preocupante".
O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), reiterou que o tema principal foi o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Falamos sobre PAC, PAC, PAC. Não teve mais nada. Foi uma apresentação dos novos ministros”, afirmou o líder do governo.
A primeira reunião ministerial do segundo mandato começou com cerca de uma de atraso em razão da convocação, pelo presidente, do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, e do ministro da Defesa, Waldir Pires. Nesse encontro, eles discutiram a crise aérea.
Sucessor
O presidente afirmou que não deixará dívidas para seu sucessor. Ele prometeu conduzir a economia com sobriedade e garantiu que o controle da inflação continuará como agenda "sagrada" em seu governo. "Sempre que (a economia) melhora um pouco aparecem pessoas dizendo que está na hora de gastar. Eu não vou fazer isso", acrescentou o presidente, segundo relatou o ministro da Comunicação Social.
Lula lembrou do rigoroso ajuste fiscal em 2003, quando o governo tomou a decisão arriscada de gastar o capital político das eleições de 2002 para sanear as contas públicas. "O tempo nos mostrou que valeu a pena", disse.
Legislativo
Durante a reunião ministerial desta segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, pediu mais sintonia entre os ministros e os parlamentares.

Segundo ele, é preciso uma relação mais estreita com o Congresso para afinar as relações políticas e racionalizar as emendas ao Orçamento dentro da proposta estratégica de cada pasta.
(com informações da Reuters)
ÚLTIMO SEGUNDO

MARCO IMPORTANTE É ATINGIDO NO PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO DE JOÃO PAULO 2º
CIDADE DO VATICANO - O papa Bento 16 disse na segunda-feira que o caso de tornar o papa João Paulo 2º em santo vem progredindo rapidamente, indicando durante segundo aniversário da morte do pontífice estar a favor de sua canonização.
"Na comunhão dos santos, podemos ouvir a voz viva de nosso amado João Paulo, que da casa do Senhor, temos certeza, continua a acompanhar a Igreja", disse.
O papa fez um discurso durante uma missa a céu aberto em homenagem a João Paulo 2º horas após oficiais da igreja acabarem formalmente sua investigação sobre a vida e as virtudes de João Paulo - um grande marco no processo de santificação do pontífice.
João Paulo esteve em uma rápida corrida sem precedentes em direção à beatificação desde que Bento 16 - apenas 41 dias após a morte de João Paulo em 2 de abril de 2005 - ignorou o tradicional período de espera de cinco anos e permitiu o início das investigações.
Bento respondeu aos clamores de "Santo Subito!" ou "Beatificação imediata!" ouvidos durante o funeral de João Paulo.
Tais clamores ainda são ouvidos, e para muitos fiéis, as novidades de segunda-feira foram bem-vindas mas bastante desnecessárias.
"Não há dúvidas para mim que ele já seja um santo", disse Teresa Broda, que veio à Roma com outros peregrinos poloneses de Katowice para o aniversário. Porém, acrescentou, "estou aqui com todo o meu coração".
O cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário particular do papa de longa data, esteve à frente dos pedidos pela canonização imediata.
"Já sabemos que ele é um santo", disse Dziwisz, porém acrescentou: "Não estamos com pressa. Queremos conduzir as coisas da maneira certa".
O cardeal falou aos repórteres após cinco cofres repletos de documentos sobre a vida de João Paulo foram selados com uma faixa vermelha e cera durante a cerimônia na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Os baús serão agora enviados para a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, para avaliação.
Mas há poucas chances de que o caso se enfraqueça. O comissário e colaborador próximo de João Paulo, cardeal José Saraiva-Martins, deixou claro estar a favor da causa.
"Ele obviamente era um santo, o testamento vivo, e agora que estudo seu caso, ficou claro que minhas memórias estão presentes em meu coração e alma", disse Saraiva-Martins à rádio do Vaticano.
Na segunda-feira, a Congregação também recebeu documentações a respeito da suposta recuperação miraculosa de uma freira francesa, irmã Marie Simon-Pierre, que afirma ter sido curada do mal de Parkinson após rezar para João Paulo.
Os complicados procedimentos de santificação do Vaticano exigem que um milagre atribuído à intercessão do candidato seja confirmado antes de sua beatificação. Um segundo milagre após a beatificação é necessário para a canonização.
A Congregação apontará especialistas médicos para determinar se existem explicações médicas para a recuperação de Simon-Pierre. Teólogos então determinarão se a cura foi resultado de orações a João Paulo.
Se painéis de bispos e cardeais concordarem que João Paulo levou uma vida virtuosa e que a freira foi realmente curada miraculosamente pelo antigo papa, enviarão o caso a Bento 16. O papa então decidirá se seu predecessor merece a beatificação.
Durante seu sermão, Bento 16 não deu pista alguma de que isto irá acontecer. Porém também sugeriu que não demoraria muito, recebendo aplausos ao dizer que o processo de beatificação "progredia rapidamente".
Oficiais da igreja enfatizaram que gostariam de seguir os procedimentos da igreja durante a beatificação de João Paulo, dizendo querer evitar qualquer aparência de favoritismo e assegurando a investigação completa do caso.
"O processo de beatificação não é um assunto da mídia, é um assunto do Espírito Santo", disse o monsenhor Slawomir Oder, que lidera o caso, ao canal de televisão polonês TVN24 na segunda-feira.
A freira Simon-Pierre, que estava em Roma para as cerimônias, disse à rádio do Vaticano não saber a razão de ter sido escolhida para ser curada. Mas notou que sua congregação, as Irmãzinhas das Maternidades Católicas, é especializada no cuidado de mulheres grávidas e bebês.
"João Paulo 2º sempre defendeu os valores da vida, e sempre proclamou tais valores pelo mundo", disse.
- Nicole Winfield
BBC
CRISE AÉREA NÃO AFETARÁ TURISMO NO BRASIL, DIZ ENTIDADE

Marcelo CrescentiDe Frankfurt
Uma porta-voz do Conselho Mundial de Viagens e Turismo disse que os problemas enfrentados pelo setor aéreo no Brasil não deverão afetar o turismo no país no longo prazo.
Segundo a porta-voz Luise Oram, experiências passadas mostram que interrupções no tráfego aéreo não deixam uma má-impressão duradoura nos turistas.
"O setor se recuperou mesmo depois dos alarmes em Londres", disse ela à BBC Brasil, se referindo às ameaças de bomba que paralisaram os aeroportos britânicos em agosto do ano passado.
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel and Tourism Council ou WTTC, em inglês) representa a indústria global do turismo.
Brasil em alta
A organização publicou no final de março um relatório que prevê que o setor turístico brasileiro deverá crescer por volta de 7,2% em 2007, atingindo um faturamento total de US$ 79,3 bilhões.
Na próxima década, a taxa de crescimento anual média do turismo no Brasil deverá ficar por volta de 5,6%, acima da média mundial de 4,3%.
O presidente do WTTC, Jean-Claude Baumgarten, elogiou o governo brasileiro ao apresentar o relatório.
Baumgarten disse em nota à imprensa que o governo "tratou com sucesso de uma longa lista de questões administrativas como incentivos a investimentos e segurança".
Agências tranqüilas
Segundo Luise Oram, os atuais problemas no tráfego aéreo brasileiro "não deverão diminuir o ritmo do crescimento do turismo no país".
Agências de viagens européias ouvidas pela BBC Brasil concordam com o Conselho Mundial de Turismo.
"Até agora não tivemos muitas reclamações de clientes", diz Antje Guenther, porta-voz da DER, uma das maiores redes de agências de viagens da Alemanha.
Ela não acha que as interrupções nos vôos brasileiros afetarão as reservas para o Brasil.
Esta também é a opinião de Anke Bergmeier, da agência Viventura em Berlim, especializada em viagens para o Brasil e América do Sul.
"Por enquanto está tudo tranqüilo", diz ela.